Quintana não quis a Academia de Letras
O poeta gaúcho, Mário Quintana, natural de Alegrete/RS, era admirado por vários intelectuais, muitos se tornaram seus amigos, entre eles: Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Morais, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto e Manuel Bandeira.
Tantas celebridades, no entanto, não foram suficientes para levá-lo à Academia Brasileira de Letras, na, talvez, maior injustiça da história da academia. Com efeito, a ABL é conhecida por nem sempre escolher grandes escritores para ocupar suas cadeiras e, sem entender os meandros políticos da Academia, Quintana tentou se tornar imortal por três vezes, perdeu todas: para Eduardo Portella, ex- ministro da educação do General Figueiredo, em um arranjo político, até hoje, não muito bem explicado, depois, para Arnaldo Niskier, atual presidente da ABL e , finalmente, para Carlos Castelo Branco, o Castelinho, este um grande jornalista, mas sem histórico de escritor.
Diante dos reveses, escreveu “Poeminha do Contra.”, uma resposta bem humorada e sarcástica ao injusto descaso dos imortais da academia.
Poeminha do Contra
“Todos esses que aí estão
Atravancando meu caminho,
Eles passarão… Eu passarinho!”
O poeta desistiu definitivamente de tentar a cadeira na ABL, mesmo com a garantia de unanimidade dos votos dos colegas. O poeta gaucho expôs sua visão da academia com a seguinte declaração:
“só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridades. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro e escritores de compilações.” Se referindo à forte politização nas indicações de escritores para a academia.
Ainda em relação à ABL, ele declarou: “ A academia não convida. A gente é que tem de candidatar-se, solicitar votos pessoalmente, arranjar pistolões. Há gente que não dá para isso. Eu também não” dando uma pista dos motivos da sua não indicação.