Corredor de água malcheiroso no bairro Dytz é problema “histórico”

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A presença de esgoto a céu aberto é a alteração ambiental que mais afeta a população, segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que investiga o Meio Ambiente em mais de cinco mil municípios brasileiros. E a turística e pomposa “Capital das Missões” não está distante deste perfil. No bairro Dytz, nas Ruas Décio Martins da Costa, a principal do bairro, e Tenente Guilherme de Souza, a situação caótica do “esgoto a céu aberto” já perdura por mais de três anos. O problema aumenta nas proximidades da Rua Bagé. No local, entre a rua e o início do passeio, o mau cheiro de esgoto ao ar livre é o principal incômodo de diversas famílias santo-angelenses que possuem comércio no local ou simplesmente são obrigadas a conviver com um problema não resolvido pelo poder público há mais de 1.000 dias. De acordo com o comerciante Dário Müller, proprietário de um estabelecimento comercial na Rua Décio Martins da Costa, “o mau cheiro provocado por este esgoto que corre aqui nesta via, sem parar, diariamente, durante as 24 horas do dia, faça chuva, faça sol, é um problema que nos perturba há três anos. É um caso gravíssimo de saúde pública. Quando chove, a água da chuva se mistura com a do esgoto, alagando as calçadas, as travessas e, dependendo da intensidade da chuva, invade algumas residências. Quando o calor é constante, o cheiro fica insuportável. Além de ser um problema gravíssimo de preocupação ambiental, o meu negócio é prejudicado porque esta água fétida corre em frente ao meu estabelecimento”, explica Müller. Na mesma via, o comerciante Aurélio de Carvalho, instalado há um ano na localidade, revela que “o cheiro é insuportável, e nos dias de chuva a água invade tudo. Não somente na rua principal, mas em todas ao redor deste problema. O esgoto a céu aberto já fez aniversário de um ano aqui na Dytz”, disse. Há 40 anos residindo no bairro Dytz, Adão Lombarde salienta que “este esgoto escorrendo a céu aberto é um problema antigo quem sofre com o mau cheiro e a sujeira somos nós. Tem dia que não dá para comer nem para deixar as crianças brincarem no quintal, nossa situação é muito complicada, estamos sofrendo há anos e ninguém olha por nós”.

O parasita ambiental

A presença de esgoto a céu aberto é a degradação ambiental mais frequente no Brasil, à frente do desmatamento e das queimadas. Os dejetos lançados inadvertidamente em fossas abertas, rios, lagos ou mesmo na sarjeta tornam-se a causa de doenças que anualmente levam milhares de crianças à morte. O problema ainda é um entrave ao desenvolvimento econômico de muitos municípios, que, devido à falta de saneamento, perdem em parte seu potencial turístico e têm atividades como a pesca prejudicada.

Um velho problema da comunidade da Dytz

No mês de outubro de 2009, o Jornal O Mensageiro noticiou sobre “Uma comunidade que pede socorro”, na edição do dia 16 daquele mês, relatando o abandono do bairro Dytz pelo poder público municipal, onde já era notável o problema do esgoto a céu aberto e sem o escoamento adequado, o mesmo problema que perdura nestes 11 meses que se passaram. Na época, os moradores organizaram um abaixo-assinado com o intuito de chamar a atenção do poder público municipal, porém a resposta dada aos moradores desta localidade foi que “problema de esgoto era tarefa da Corsan”. O perigo de novas doenças A cólera é uma doença típica de regiões que sofrem problemas de abastecimento de água tratada. A sujeira e os esgotos a céu aberto ajudam no aumento de casos da doença. A região nordeste do Brasil é a que mais sofre com este problema. Água limpa e tratada, tratamento de esgoto e condições ambientais adequadas dificultam a proliferação da doença. É grande o risco de contrair leptospirose, hepatite A, diarreia, febre tifoide.

Secretário Municipal de Obras diz estar em busca da solução

Conforme o secretário de obras, Jacques Barbosa, no local foram realizados drenos para a canalização da água, mas, segundo ele, a situação geológica do local, que possui um solo bastante rochoso, não permite que sejam feitas fossas sépticas profundas. O dreno retira a água e leva para a rua, porém o secretário revela que o próprio dreno acaba entupindo, causando um vazamento maior. Para Jacques, o grande problema é a destinação final do esgoto. Ele explica que existe inclusive um processo do Ministério Público cobrando a regularização desta situação, que atinge não só o bairro Ditz, mas áreas dos bairros Boa Esperança, Rogowksi e Tesche. Solução estaria no PAC – Por outro lado, o secretário afirma que a simples colocação de tubulação no local não resolveria o problema, uma vez que a grande dificuldade seria o destino destes dejetos, “não temos como encaminhar este material para a Estação de Tratamento Índia Lindóia devido a dificuldade do relevo e da distância”, explica. Para ele, a solução definitiva viria com a construção de uma estação elevatória de esgoto, que, por meio de um processo de bombeamento hidráulico, levaria o material para a Estação. Jacques ressalta que existe um projeto realizado em conjunto com a Corsan para a resolução deste problema e que a obra foi colocada como prioritária. Tal Projeto prevê um investimento de R$ 48 milhões a serem buscados no Programa de Aceleração de Crescimento (PAC) do Governo Federal. “O projeto já foi aprovado em primeira instância no PAC e estamos esperançosos de que logo poderemos resolver este problema destas comunidades”, conclui.

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