NQ-357: Uma viagem no tempo

Está sendo realizada a restauração dos vagões da Estação Ferroviária de Santo Ângelo. O trabalho segue por cinco meses

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Restauração dos Vagões da Estação Ferroviária (8)Parte da história do transporte ferroviário no Rio Grande do Sul está sendo resgatada com o trabalho de restauração de dois vagões que compõe a Estação Férrea de Santo Ângelo. O NQ-357 é da década de 50 e o PC 7619-0 da década de 60. Dari Afonso Teichmann e Adão Arizolim são profundos conhecedores destas máquinas, pois eram ferroviários que cuidavam da manutenção de vagões e locomotivas. Em cinco meses eles prometem deixar os vagões em plenas condições de uso e visitação. Proporcionando as novas gerações, uma viagem no tempo e na história.

Há cerca de oito anos estes experientes artífices emprestam o conhecimento de uma vida, para a SL Manutenções, empresa especializada na restauração e manutenção de vagões e locomotivas. Na última semana se esforçam para finalizar a cobertura do NQ-357 um vagão de madeira que compõe a antiga Estação Férrea de Santo Ângelo. Trabalho que exige paciência, conhecimento e também jogo de cintura para equalizar a falta de matéria-prima.

O NQ 357 foi fabricado em 1958 na oficina Otaviano Lima em Santa Maria. Este vagão servia aos engenheiros do batalhão e continha um mobiliário especial para atender as necessidades dos técnicos quando realizavam trabalhos in loco, tinha cama, fogão e era considerado um “vagão casa” que só andava na cauda da formação, tendo em vista as características da estrutura.

NQ 357: Feito com pau e parafuso

O NQ-357 é todo em madeira. “Uma obra prima que revela o amor pela profissão dos homens daquela época, feito com pau e parafuso”. Falou Sérgio Lemes, filho do dono da SL Manutenções e Gerente Operacional da empresa. Ele fala mais: “Este vagão era destinado a chefia, é feito em marcenaria, forjado a mão em uma época que não existiam máquinas com cortes especiais, existem poucos destes no Rio Grande do Sul”. Sérgio explica com um certo brilho nos olhos, pois ele viajava na rede ferroviária em sua infância, seu pai também foi ferroviário e a “magia do trem” ainda está presente em sua memória.

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Em sua fala, Sérgio deixa a impressão de que trabalha no resgate da própria história e tem o desejo que as novas gerações possam conhecer o que foi o transporte ferroviário nas décadas de 50, 60 e 70.
Enquanto trabalha, Adão nos explica as características de peças em madeira que restaurava naquela tarde. “Esta é uma peça de cabriúva, faz parte da sustentação do teto do vagão, com certeza em condições favoráveis de conservação, dura mais cem anos. Este tipo de madeira não encontramos mais para comprar, qualquer madeira mais nova não terá a mesma durabilidade” disse Adão Arizolim Machado de Moura, 68 anos, considerado um professor neste ofício, atuou 25 anos como Artífice de Vagões” na rede ferroviária do Rio Grande do Sul. Iniciou seu trabalho em Uruguaiana em 15 de abril de 1969 e há cerca de oito anos está na SL Manutenções.
Darí é outro professor e sente orgulho de fazer história na rede ferroviária. “Na época em que estes vagões andavam é que éramos valorizados e nosso trabalho tinha importância.” disse, Dari Afonso Teichmann, 70 anos, ele iniciou a carreira como artífice de locomotivas no dia 9 de dezembro de 1969 em Guarani das Missões.

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Os restauradores estão hospedados em Santo Ângelo e tem cinco meses para concluir o trabalho de restauração dos dois vagões que compõe o Museu Ferroviário de Santo Ângelo.
Estes homens fazem parte da última geração que realmente conhece a história da ferrovia e os detalhes de cada peça. São artífices em suas últimas viagens com estes vagões, pois já estão aposentados e revelam que realizam o trabalho, mais pelo amor e companheirismo, que pelo valor de seus salários.

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