Sábado 28/01/2012

Paraíso é melhor que deserto Felizes são as criaturas que defendem e promovem a vida porque esta vale mais que o planeta inteiro e o mundo todo. Que...

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Paraíso é melhor que deserto

Felizes são as criaturas que defendem e promovem a vida porque esta vale mais que o planeta inteiro e o mundo todo. Que defendem e promovem a vida do corpo, da mente e do espírito. Que defendem e promovem, em todos os aspectos e lugares, a vida da flora e da fauna, da água e da terra, do solo e do subsolo. O que vale mesmo, tanto no agora passageiro quanto no depois eterno, é a vida – a vida plena, perfeita, realizada, feliz.
As criaturas que defendem e promovem a vida embasam a vida no amor que, por si e em si, gera e atrai, multiplica e aperfeiçoa as demais virtudes. Em termos amplos e profundos, no amor e por amor as criaturas encontram fontes e energias para existirem e viverem, estudarem e trabalharem, sonharem e concretizarem, lutarem e vencerem. Também para serem melhores. Ou, noutras palavras, para serem mais reais e perfeitos, mais semelhantes e solidários, mais sensíveis e amorosos, mais humildes e simples. Menos ego, menos irreal, menos sofrimento. Mais eu, mais real, mais felicidade. Mais pessoa humana, mais gente.    
Infelizmente, aceleram-se os aumentos de criaturas que, obcecadas pelo dinheiro e pelo aumento patrimonial, destroem a vida na Terra, inclusive a vida da própria Terra. Há criaturas que ainda neste século compram e vendem consciência e caráter, negociam governantes e governados, comercializam tudo, até crianças e jovens, corpos e almas. De consciência dormida e de caráter petrificado, continuam dominadas pelos instintos bestiais, estorricadas pelas riquezas efêmeras, abarrotadas de ilusões e vaidades. Afrontada consciência e caráter, dissolvem as virtudes: verdade, honestidade, solidariedade, discernimento, direito, justiça,  amor. Abrem portas para os vícios: mentira, engano, imoralidade, corrupção, contrabando, tráfico, impunidade, ódio.
Os intitulados reis das motosserras, por exemplo, derrubam florestas inteiras para venderem madeiras que são de todos os cidadãos e não apenas deles. Nos lugares desmatados enchem de gados ou de monoculturas que lhes estufam de dinheiro bolsos e bancos. Esses homens, mesmo que desmatem estados inteiros, mesmo que mudem o clima tropical a seco desses estados, do país e do continente, mesmo que façam virar desertos esses lugares, não são considerados bandidos nem assassinos, não são presos nem julgados, nem postos nas prisões, não lhes são confiscados os patrimônios, nem os montes de dinheiro adquiridos com os crimes ecológicos, isto é, com os permanentes, inestancáveis e brutais holocaustos das floras,  faunas e águas.
Ademais, no meio desses criminosos há ministros e senadores, deputados e prefeitos, ruralistas e industriais, empresários e empreiteiros, fora outros nomes igualmente abjetos e inomináveis, que brigam por pedaços de terra que lhes podem alimentar mais gado ou dar mais colheita de monocultura, portanto mais dinheiro e mais patrimônio, cujos senhores, reis dos dinheiros e dos patrimônios assim adquiridos, não querem árvores nem reflorestamentos nas margens dos mananciais de água, ou seja, nas margens dos açudes e lagoas, dos riachos e rios. Preferem comer, ruminar e arrotar dinheiro e patrimônio efêmero e individual hoje a ver árvores e aves, bichos e peixes, águas e vidas duradouras e coletivas amanhã.
Embora poucos, muito poucos, esses criminosos, pelo que tudo parece, são fortes e metem medo. Amedrontam e fazem ajoelhar governos federais, estaduais e municipais.  Quando e como querem, inclusive com propinas e ameaças, se preciso essas forem, dobram os joelhos e as colunas de certos legislativos, judiciários e executivos, ministérios, secretarias e institutos agrários. Há outros que não temem esses poderes, tampouco os da própria consciência e caráter, e traficam maconha e cocaína, pedra da morte e óxi. Sentem prazer em ver criaturas viciadas, em tê-las vítimas dessas e doutras drogas, também do tabaco e do álcool. Em princípio, traficantes lambaris, até mesmo pobres e médios contrabandistas de cigarros, são achados e presos pelas forças policiais. Tubarões e figurões dos tráficos, de todos os tipos de tráficos, de modo especial os de entorpecentes perigosos e mortais, permanecem escondidos nos ternos e gravatas de grife, soltos e impunes, tanto nas ruas, casas e mansões, quanto nas salas, salões e gabinetes de palácios. Em geral, os pequenos são gentes broncas e imprudentes; os grandes, estes sim, gentes finas e prudentes. São os tais!
Tanto a Terra quanto os terráqueos, estão cansados dos tempos de Faraó e Noé, de sodomas e gomorras, de serpentes e maçãs de evas, de racionais bestas e avaros. Precisam, agora mais que antes, de criaturas sensíveis e amorosas, semelhantes e solidárias que defendam e promovam a vida de todos, que salvem, antes que seja tarde demais, a vida na Terra e da Terra. De criaturas que façam da Terra um paraíso, um paraíso para o corpo, mente e espírito, um paraíso de vida e para a vida. E não um deserto, um deserto sem árvore alguma, sem água alguma, sem vida alguma, sem oásis algum, sem ninguém e sem nada. Paraíso, também dentro das criaturas, é sete vezes setenta melhor que deserto.

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