Sábado 20/08/2011

Há muitos pronomes de tratamento nas línguas em geral, também na língua portuguesa. Neste mundo de comunicação instantânea, líquida e efêmera, bastaria e basta um só pronome de...

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Há muitos pronomes de tratamento nas línguas em geral, também na língua portuguesa. Neste mundo de comunicação instantânea, líquida e efêmera, bastaria e basta um só pronome de tratamento, cujo pronome abrangeria desde o ser humano mais simples, analfabeto, inculto e excluído, até o ser humano mais complexo, alfabetizado, culto e incluído.  Uma porque todos os seres humanos são, em termos de constituições, iguais. Outra porque os pronomes de tratamento fazem divisões entre o menos e o mais, entre quem é e tem menos e quem é e tem mais, quando não entre quem não é nem deve ser, não tem nem deve ter, e quem é e deve ser, tem e deve ter. Os pronomes de tratamento, penduricalhos medievais entupidos de carunchos, vêm arrastando-se e fazendo estragos antropológicos e sociais no mundo atual. Infelizmente. A propósito, o pronome de tratamento usado para um deputado estadual é Vossa Excelência, Vossa Senhoria, Vossa Eminência, Vossa Magnificência, Vossa Santidade, Vossa Majestade ou Vossa Alteza? Marcou o primeiro? Acertou. O mesmo pronome vale para os deputados federais, senadores, ministros, governadores, vice-governadores, secretários de estado, prefeitos e presidentes de câmaras legislativas municipais. Para os deputados, até para os corruptos e corruptores, inclusive para os que arquitetaram e depois retiraram o processo vergonhoso, estulto e demente contra Tonho Crocco, o pronome de tratamento é e deve ser Vossa Excelência, mesmo que de excelência, como se vê e se sabe, muitos deles pouco ou nada têm. Vossa Eminência é usado para os cardeais. Vossa Magnificência, para os reitores de universidades. Vossa Santidade, para o papa. Vossa Majestade, para os reis e rainhas. Vossa Alteza, para os príncipes e princesas, duques e duquesas. E mais: Vossa Reverendíssima é usado para os sacerdotes. Vossa Majestade Imperial, para os imperadores e imperatrizes. Vossa Senhoria, para as demais pessoas de cerimônia e destacado respeito. Todos esses pronomes de tratamento, tanto nas expressões extensas quanto nas abreviadas, iniciam com letra maiúscula. Estes três outros, quando escritos por extenso, iniciam com minúsculas: senhor e senhora para as pessoas de respeito; senhorita para as pessoas moças ou mulheres solteiras; e você para as pessoas familiares e informais. As pessoas humanas, quando querem se referir aos vereadores, por exemplo, que pronome de tratamento devem usar? Vossa Senhoria. Aos coordenadores regionais de educação, diretores de escolas e professores? Vossa Senhoria. Aos policiais no início de carreira, cabos e sargentos? Vossa Senhoria. Aos garis? Senhor. Às funcionárias da limpeza e domésticas? Senhora. É, caros leitores e leitoras deste espaço, não acham demais esses pronomes de tratamento? Ademais, esses pronomes não causam confusão e chatice, divisão e exclusão? Opressão nem? Um só pronome não bastaria para tratar todas as pessoas, das menores às maiores, com nenhuma ou mínima autoridade, nenhum ou mínimo destaque e respeito, às pessoas com toda e máxima autoridade, todo e máximo destaque e respeito? Se sim, bastaria e basta, então, Vossa Senhoria ou Vossa Excelência. Destino dos demais pronomes? Lixeira. Voto em Vossa Senhoria. Sempre. E Vossa Senhoria vota em qual?

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