O português nosso de cada dia
Nessa linha de uso frequente e centenário de palavras ou expressões, aparece, junto com a expressão “frente a” errada, inexistente e não usável, o uso errado da expressão “face a”. Não existe a expressão “face a”. E, como não existe, não deve ser usada. No uso errado da expressão “face a” devem ser usadas estas expressões corretas: em face de, em face desse, ante. Em face de pode ser desdobrada em: em face do, em face da, em face dos, em face das. Em face desse pode ser desdobrada em: em face dessa, em face disso, em face dessas, em face desses. Não use “face a”. Não usemos “face a”. Usemos qualquer uma das expressões substitutas, menos “face a”, e menos também “frente a”.
O que as gramáticas atuais, inclusive as embasadas no Volp, dizem sobre a expressão “cerca de”? Dizem isto: locução adverbial pouco usada. Mesmo sendo “desusada” ou “pouco usada”, pode ser “usada” no sentido de perto, próximo, junto; pouco mais ou menos, aproximadamente, quase. Um exemplo tirado do livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, é este: “Cerca de três semanas depois recebi um convite dele para uma reunião íntima.” Um esclarecimento importante: O número do sujeito depois da expressão “cerca de” marca o número verbal. Exemplo: Cerca de um senador votou contra o projeto do pré-sal distribuído entre todas as unidades federativas do país. Outro exemplo: Cerca de oitenta e dois senadores votaram a favor desse projeto. Ou, noutras palavras, o verbo não concorda com o número da expressão “cerca de”, mas com o número do sujeito que vem depois.
Martim Khun, professor e coordenador do curso de Pedagogia no IESA, leitor destas colunas, um abraço.