Sábado- 02/072011

Encerramos com esta coluna o assunto da crase. Estas são as palavras básicas que nos dizem que há crase no a: da, na, pela, com a, para a....

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Encerramos com esta coluna o assunto da crase. Estas são as palavras básicas que nos dizem que há crase no a: da, na, pela, com a, para a. Comprovemos a existência da crase no a com esta frase: Meus amigos foram à praia. O a tem crase? Tem. Pois podemos trocar o a por da: Meus amigos voltaram da praia. Podemos trocar o a por na: Meus amigos estão na praia. Podemos trocar o a por pela: Meus amigos caminham pela praia. Podemos trocar o a por com a: Meus amigos se sentem bem com a praia. E podemos trocar o a por para a: Meus amigos viajaram para a praia. Essas cinco trocas de palavras pela palavra a provam por A + B que esse a tem crase [tem acento de crase].
Em contrapartida, as palavras básicas que nos dizem que não há crase no a são estas: de, em, por, com, para. Essas palavras provam que o a nas frases, uma vez substituído por essas palavras, é simples preposição e, como tal, não deve ser acentuado. Comprovemos a inexistência da crase no a com esta frase:  Minhas amigas foram a Brasília. O a tem crase? Não.  Provas? Uma, troquemos o a por de: Minhas amigas voltaram de Brasília. Duas, troquemos o a por em: Minhas amigas estão em Brasília. Três, troquemos a por por: Minhas amigas andam por Brasília. Quatro: Troquemos o a por com: Minhas amigas se deslumbram com Brasília. Cinco: Troquemos o a por para: Minhas amigas viajaram para Brasília. Nesse tipo de frase, o para não pode ser para a, assim: Minhas amigas viajaram para a Brasília. Essas cinco trocas de palavras pela palavra a provam por A + B que esse a não tem crase [não tem acento de crase].
Antes de palavras masculinas o a não tem crase. Não tem porque é simples preposição. Se, porém, antes delas existem as palavras moda de ou maneira de, ditas ou subentendidas, tem acento. Reforça-se isto:  Esse caso de crase antes de nomes masculinos é único. Um exemplo:  O escritor missioneiro Mário Simon escreve, às vezes, à Machado de Assis, à João Simões Lopes Neto e à Darci Azambuja. O a nesses três casos tem acento de crase porque subentende a expressão moda de ou a sua sinônima maneira de.
A preposição a pode indicar circunstâncias de modo, tempo, instrumento, etc. Quando esse a se encontra com outro, naturalmente há crase e acento de crase: João entra no serviço às oito horas e sai às doze horas. Muitas vezes nessas indicações de circunstâncias o a é apenas preposição e, sendo apenas preposição, não muda antes de palavras masculinas e, em não mudando, não apresenta crase: cortar a faca/cortar a facão; navio a vela/navio a pendão; matar a fome/matar a desemprego; pegar a mão/pegar a camburão.
Mas, como essas formações podem criar ambiguidade, o uso consagrou as locuções femininas com a preposição intensificada, registrando-a na escrita com acento grave, mesmo quando, em essência e em verdade, não há crase. A expressão matar a fome, por exemplo,  pode ser ambígua. Pode significar, entre outras coisas, matar a fome comendo ou matar alguém de fome.
A expressão pegar a mão revela ambiguidade. Pode significar pegar a mão [pegar o quê] ou pegar com a mão [como]. Assim, nesses casos, o a tem um acento de clareza. Acento de clareza, pois, em bife à milanesa, filé à francesa, compra à vista, à medida que, etc.

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