A conjugação do verbo “intermediar” costuma dar “nó” em comunicação falada e escrita de muitos e para muitos. Esse “nó” acontece mais no presente do indicativo e do subjuntivo, no imperativo afirmativo e negativo que noutros tempos e modos verbais. Apresenta-se aqui um jeito de tirar esse “nó”.
Começa-se com o “nó” neste já antigo período jornalístico: “Há oito dias o enviado da ONU, Staffan de Mistura, intermedia as negociações indiretas entre os opositores de Bashar AL-Assad em Damasco” (Correio Povo, 23 de março de 2016). Deu “nó” na forma verbal “intermedia”? Deu. Forma correta: “intermedeia”.
Grande parte dos gramáticos e das gramáticas de peso dizem que o verbo “intermediar” ganha um “e” nas formas rizotônicas. Formas rizotônicas são sílabas tônicas no radical. Essas formas estão na primeira, segunda e terceira pessoas do singular do presente do indicativo e do subjuntivo [eu, tu, ele] e na terceira pessoa do plural desses tempos e modos [eles]. E também estão no imperativo afirmativo [tu, você e vocês] e no imperativo negativo [tu, você e vocês]. Nos demais tempos verbais, em todas as pessoas [eu, tu, ele, nós, vós e eles], só há formas arrizotônicas, ou seja, sílabas tônicas fora do radical. Sendo assim, todas essas formas verbais voltam a ter e têm “i” de “intermediar” e não “e”.
Conjuga-se “intermediar” no presente do indicativo: intermedeio, intermedeias, intermedeia, intermediamos, intermediais, intermedeiam. Veem-se formas rizotônicas no eu, tu, ele e eles, e formas arrizotônicas em nós e em vós. Conjuga-se também esse verbo no presente do subjuntivo: que eu intermedeie, que tu intermedeies, que ele intermedeie, que nós intermediemos, que vós intermedieis, que eles intermedeiem. Podem-se ver formas rizotônicas no eu, tu e eles, e arrizotônicas em nós e em vós. As expressões “eu eu, que tu…” podem ficar fora.
Posto isso, conjuga-se “intermediar” no imperativo afirmativo: intermedeia tu, intermedeie você, intermediemos nós, intermediai vós, intermedeiem vocês. E conjuga-se o imperativo negativo [que sai todo do presente do subjuntivo]: não intermedeies tu, não intermedeie você, não intermediemos nós, não intermedieis vós, não intermedeiem vocês. Repete-se o que já muitos saberiam e sabem: onde tem “e”, há rizotônica, e onde há “i”, arrizotônica.
Assim, noutras tempos verbais do modo indicativo [pretérito imperfeito, pretérito perfeito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito] e noutros dois tempos do modo subjuntivo [pretérito imperfeito e futuro do subjuntivo] existem misturas dessas duas formas? Não. Existem, do eu ao eles, apenas formas arrizotônicas.