Quarta-feira 07/09/2011

O sobrado da Florêncio de AbreuA rua Florêncio de Abreu inicia na esquina com a rua Antônio Manoel.Continuo a ela, no sul, era um campinho onde a Prefeitura,...

1111 0

O sobrado da Florêncio de Abreu
A rua Florêncio de Abreu inicia na esquina com a rua Antônio Manoel.Continuo a ela, no sul, era um campinho onde a Prefeitura, ou o Sr Raul Oliveira cedeu para a construção do Ginásio Santo Ângelo. Nessa esquina, em 1924, o Sr Guilherme Woff construiu um sobrado grande, muito bonito para a época, em um terreno de 20×70 metros, que levou o numero 921. Em volta, eram pequenas as casas e somente na esquina da rua Venâncio Aires tinha a casa comercial. Posteriormente, abaixo, construiram-se o Presídio Municipal. Na propria rua edificaram a madereira Colla.
Essa rua ia até a Rua 25 de Julho, onde era interrompida na esquina da Avenida Brasil, no terreno que era de meu pai, Carlos José Rousselet, indo terminar no muro do quartel, ao Norte. O prédio era alugado para o Sr Teobaldo Wolfenbitel, que colocou um bolicho na compra e venda de produtos coloniais, morando no segundo piso. Era uma parada obrigatória dos colonos do Rincão dos Mendes, Olhos D’agua, Lageado das Pombas e Santa Tereza.
Em 1945, foi vendido pela viúva Dorotéia Wolf para o casal Francisco Galeazzi e sua esposa Dona Amalia, constando da escritura pitorescamente dois cômodos e uma vaca. O Sr. Francisco Galeazi comprou do Sr° Wolfembitel a existência, continuando com o bolicho. Residia na frente superior do prédio com seus filhos Ivone, Helena Lurdes, Amâncio e Vinícius. Pegava sempre estudantes de outras localidades para ali pararem. Lembro-me de Olgi Krejci, Constantino Anesi e Pedro Carpenedo. Minha esposa, Maria, como amiga da família e de suas filhas, muitas vezes esteve em visita e até adquirindo o bolicho, devido à forte concorrência dos supermercados surgidos. Alugou-o para borracharias. A herdeira Ivone Galeazzi há um ano vendeu o prédio para o senhor Ilvio, que o revendeu para o senhor Paulo Migliorini.
Este foi o primeiro prédio da rua Florêncio de Abreu. Era um ponto de referência para a cidade. A saida e a entrada para quase todo o Brasil passava por ali. Também o acesso para a Vila Pippi, grande parte dos estudantes do Ginásio Santo Ângelo passaram por ali, na entrada e na saída do colégio. Para uns 10 ou 12 anos, atravessando o quadro da Viação Férrea, quase sempre por ali passávamos para frequentar o Colégio Santo Ângelo.
Para mim, desde os anos de 1940, portanto há 71 anos, esse sobrado era um marco tradicional da cidade, sobrevivendo até aqui no tempo antigo e moderno de nossa comunidade. Testemunhou muitos acontecimentos de nossa história e de nossa vivência. Por isso foi para nós um grande choque emocional, vê-lo parcialmente demolido, na segunda-feira, nem trabalho de destruição ao patrimônio histórico do municipio, surpreendentemente iniciando sábado, e domingo continuando. Meus bisnetos não poderão mostrar aos seus filhos o sobrado que seus bisavós frenquentavam em sua juventude.

Neste artigo

Participe da conversa