Sábado 20/08/2011

“A alma do homem “mora à parte como uma estrela”, mesmo a do mais vil entre nós, enquanto que a sua consciência está sob a lei da vida...

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“A alma do homem “mora à parte como uma estrela”, mesmo a do mais vil entre nós, enquanto que a sua consciência está sob a lei da vida vibratória e de sensações”. Collins, M., in Luz no Caminho
Quando tocados pela necessidade de “voar”, vivendo não a metáfora de pegar um veículo próprio para voar e sair, mas a expansão da alma na magnitude do seu dom de imortalidade, sentimos que somos seres cativos, enjaulados em nosso próprio casulo e atocaiados nos “refúgios” que construímos para nos abrigar. Em todos os tempos, temos tido exemplos de homens e mulheres que buscaram construir verdadeiras cidadelas para delas fazerem suas moradas, pensando  encontrar, aí, sua realização e segurança, e a sonhada felicidade. Mas, no reduto profundo do seu ser, logo provaram um sentimento grande de nostalgia e solidão. Assim somos quase todos, querendo, com tais atitudes, sedimentar nossos domínios e permanência no plano terrestre. No decorrer do tempo, presenciamos que, pouco a pouco, o nosso reduto vai se esvaziando com a partida de familiares, amigos e conhecidos e, com isso, vamos perdendo o encantamento pelo viver tacanho e egóico, em que necessitamos todos os dias e o dia todo carregar fardos, buscar alimentos e resguardo dos salteadores, para dar lugar a um novo ser, – aquele que veio com dias contados e que não é daqui. Estamos, mais e mais, buscando meios de prolongar os nossos dias na terra, e isto poderá ensejar a que nos assenhoreamos de dois sentimentos; um, de renúncia e dor pelos despojos e limitações que a própria natureza nos impõe, convencendo-nos de que realmente o nosso destino é bem maior; outro, de auto-suficiência e obstinação, induzindo-nos à ilusória tentativa de sermos eternos na matéria, e isto poderá contribui para a animalização do ser, inclinando-o à egolatria e agravando ainda mais o seu carma. Podemos imaginar uma bela donzela no auge do seu esplendor, radiante, vestida com esmero, dirigindo-se a uma festa e, logo ali em frente, cair numa fossa e mergulhar num lodo fétido de larvas e dejetos em decomposição. Certamente  levará muito tempo para sentir-se totalmente isenta daquele estado terrível em que se encontrava. Assim parodiamos o nascer e o fenecer do gênero humano. Nossa alma que vem de dimensões angélicas desce a duras penas, caindo no fosso da matéria. E, ao despertar para uma nova realidade, poderá gostar de tudo o que sente e vê. E, em nome de sua nova paixão, cometer muitos deslizes, olvidando sua origem. Então, ao fenecer do seu arcabouço físico, não terá tessitura e nem sensibilidade para, de logo, voltar aos planos em que se encontrava. Talvez custe a se convencer de que não mais é deste mundo, pois o etéreo de sua alma encontra-se embotado até que se liberte dos chamados “cascões” e possa, então, retornar a sua verdadeira e eterna morada.

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