Há momentos onde perguntar não faz sentido, não há o que dizer e o silêncio é a melhor forma de respeitar a dor que deveras sente. Não há espaço ao sensacionalismo.
A notícia deixa de ser notícia quando se perde o respeito. Alberto Dines pode falar o que quiser, suas palavras não são leis. O jornalismo não é uma travessura, o jornalismo é uma arte sentimental que necessita de poetas que entendam a mente e o coração das pessoas, como dizia o sábio Schoppenhauer.
O episódio envolvendo o músico Enio Knack Junior da banda Ghermânia merece todo o respeito por parte da imprensa. Mesmo com os seus familiares reunindo a mesma para dar os seus depoimentos, o Jornal O Mensageiro permanece em silêncio e optou por não divulgar informações, versões, depoimentos e nem planos futuros sobre a banda. A nossa posição é de respeito e de sentimentos por uma banda, que por trás dela existe um pai e uma mãe que perdeu um filho, um irmão que se orgulhava do mano e só quem entende este amor sabe do que estamos dizendo.
A tragédia não deve ser motivo de sensacionalismo. Não há o que perguntar em uma coletiva como a que foi realizada no Clube Gaúcho esta semana. É difícil formular uma pergunta numa hora destas. E muito mais difícil obter uma resposta. A curiosidade aguçada de quem deseja saber algo, deveria ser substituída pela comoção, ou pela compaixão ou por uma oração especial pedindo que Deus cuide bem do jovem talentoso, sempre sorridente e de bom coração, chamado “Junior”. É esta imagem que queremos ficar em nossa lembrança, assim como na última fotografia, em que ele aparece sorrindo, no registro do jornalista e colunista social Amauri Lírio, um dos diretores de nosso jornal.
Não são os jornais com tristes notícias em páginas policiais que contarão esta história, e sim um jovem artista que, como disse Renato Russo, célebre líder da banda Legião Urbana (a mais completa banda que já existiu neste país), “é tão estranho, os bons morrem antes…”.
Quando desceu do palco e beijou a face do pai, Junior não voltou mais. Não importa o detalhe do que ocorreu, e sim que Deus o chamou. Naquele instante ele cantava a música “Toda Forma de Amor”, de Lulu Santos, que nem no repertório estava e ele a quis naquele momento. Incógnita? Mistério? Não sabemos. Quem somos nós? O importante é saber que é esta música que vai ficar na memória de quem admirava este ser humano que nos deixou, onde a letra diz: “Eu não pedi pra nascer
Eu não nasci pra perder
Nem vou sobrar de vítima
Das circunstâncias
Eu tô plugado na vida
Eu tô curando a ferida
Às vezes eu me sinto
Uma mola encolhida
Você é bem como eu
Conhece o que é ser assim
Só que dessa história
Ninguém sabe o fim
Você não leva pra casa
E só traz o que quer
Eu sou teu homem
Você é minha mulher
E a gente vive junto
E a gente se dá bem
Não desejamos mal a quase ninguém
E a gente vai à luta
E conhece a dor
Consideramos justa toda forma de amor”.
Por Rodrigo Bergsleithner