O sonho acabou
O musical “HAIR” acaba de estrear no Rio de Janeiro. A nova versão ainda é novidade no país, mas o original já rodou muito pelos cinemas e videotecas do Brasil inteiro. As ideias de “HAIR” causaram tanto medo aos poderosos do mundo inteiro que chegaram a inventar um sistema de créditos nas universidades para dividir os acadêmicos, não permitindo que as mesmas pessoas se encontrassem nas mesmas turmas por anos a fio e pudessem se articular. Amizade e convivência eram um perigo. Cada um fazia seus créditos em turmas diferentes e isso prevalece até hoje. Mas primeiro tentaram reprimir e amedrontar de todas as formas conhecidas os alunos daquele tempo. Foi “HAIR” que deflagrou tudo isso porque pregava a desobediência civil de diferentes maneiras conforme o país onde viviam os jovens. Nos Estados Unidos, eles se recusavam a alistar como soldados para guerra do Vietnã. Queimavam seus documentos em praça pública.
As músicas de “HAIR” traduziam exatamente a filosofia de vida destes jovens e a mais conhecida e amada delas “Era de Aquarius” tem versos que os definiam: “Olhos cheios de esperança e um amor que não se cansa na madrugada da Era de Aquarius”.
Algo apontado pelos jovens como “uma coisa linda demais que nos fazia crer que íamos, finalmente, mudar o mundo senil e doido em que vivíamos”. O espetáculo era uma “cacetada” na cabeça de muitas autoridades, mas eles lotavam os teatros durante meses e meses, abismados com o que viam, as cores, a desobediência às normas estabelecidas, a nudez coletiva, os temas, os beijos na boca entre pessoas do mesmo sexo. Muitos ficavam embevecidos com aquelas cenas, mas jamais aderiram aos ritos e às ideias hippies que pregavam paz e amor livre, que propunham trocar a ânsia do dinheiro pela simplicidade de ser feliz. Quase todos estavam cegos e embriagados pela catarse que provocava o espetáculo Hair. O tempo passou. Fica o saudosismo. John Lennon já havia dito “O sonho acabou”.
