Quarta-feira 02/11/2011

O Sr. Areovaldo Lourega
Uma das personalidades mais folclóricas e estimadas de Santo Ângelo dos anos de 1920 a 1950. Contava muitos causos e piadas. Aliás, para quem o conheceu, ele já era uma piada. Morava na Marquês do Herval, em frente à oficina Sabo. Teve casa de negócios. Era jogador contumaz de cartas no Clube Gaúcho. Sua esposa era Dona Mosa.
Nos últimos anos, passava muitas horas do dia no banco do ponto de táxi na esquina da Praça Pinheiro Machado, com a Marquês do Herval. Ali era o ponto do bate-papo dos santo-angelenses antigos. Contarei algumas histórias do Sr. Areovaldo Lorega:
Seu filho legítimo era José e seu filho de criação, Eduardo. Sua esposa Mosa era da família Beck. Certa vez, ele foi pego trapaceando no jogo de cargas no Clube Gaúcho. Ele negou. Pediram-lhe que jurasse pela vida de seu filho José que não estava trapaceando.
Pela vida do José em não juro, mas pela vida do Eduardo, eu juro…Certa vez, pediram-lhe que desse informação de um rapaz, ao que ele respondeu:
Muito trabalhador e honesto. Porém contrabandista e jogador de pife e carpeteiro barbaridade!…
Na primeira eleição, depois da queda da ditadura, a oposição elegeu um italiano, o prefeito em São Leopoldo. Ele comentou para o meu irmão José:
— Alemoada inteligente essa de São Leopordo, elegendo um italiano para prefeito!…
— E que tem? Indagou José.
—  É que se eles elegessem um alemão, estavam até hoje brigando uns com os outros… E assim o italiano vai dando com as mãos e levando a alemoada por diante…
Certa vez, quando um cunhado, Jair Beck Leite foi promovido à contador do Banco, ele foi felicitá-lo e disse-lhe:
— Conselho de seu parente, formado em cancha de carreira e carpeta de jogo! Toda vez que fores receber dinheiro de parente aqui no Banco, conta duas ou três vezes!
Certa vez um amigo o aguardava na saída da Gerência do Banco (o gerente era seu parente) da Província para lhe pedir um aval, e ele lhe respondeu: Não posso lhe dar o aval, porque recém estivemos de revorve arrancado com o gerente João Rocha. Ficamos inimigos….!..
Meu irmão fez uma planta do aumento de sua casa para alugar. Não pagou imposto da licença e a construção foi embargada. Aprontou e alugou. Ele disse ao meu irmão José: “No Brasil a gente precisa de um título de Doutor e muita calma… A construção foi embargada. Calmamente aprontei e aluguei. E está embargada…”
Quando pediu aumento de aluguel ao saudoso fotógrafo Bruno, este disse a ele:
— O Senhor foi um pai   para   mim,disse, falando emocionado. O sr. Lorega lhe respondeu:
—  Paiaço, tchê!