Quarta-feira 31/08/2011

O nascer do dia em Santo Ângelo antigamente
O dia surge com o clarear do sol, aparecendo e surgindo na colina na frente da Vila Pippi, logo projetando seus raios para esta parte da cidade, vindos do Leste Sagrado. Logo, logo, vem o som do apito da locomotiva pequena, da manobra, dirigida por Petruco, secundado pelo abafado som do apito de alguma locomotiva potente-uma Mallet ou uma 1.000 transeunte, puxando algum trem de carga, seguidas pelo baladar da sineta da estação, cordinha puxada pelo estacionário. Seguem-se entre 7h e 7h30min da manhã, três apitos fortes promovidos pela caldeira da simpática Souza Cruz.
Entremeados pelas sirenes do Frigorifico e do Curtume Basso, e ao longo, ouvem-se os clarins dos quartéis, às vezes intermeados por batidas de tambores. Quando os ventos eram favoráveis, por muito distante, ouvia-se o badalar dos sinos da Catedral entremeados pelo som do relógio da Igreja Evangélica anunciando as horas. Se todos esses sons não bastassem para nos fazer levantar e ir para o colégio, vinha a cantiga de nossa mãe: “Abre a janela, Maria, que é dia, são 8h e o sol já raiou, os passarinhos já fizeram seus ninhos na janela do meu bangalô”.
Meus seis filhos sempre acordaram com o acorde desse sons, mas desconheceram essa cantilena, de vez que os tempos já eram outros…
Enquanto isso, o arroio Santa Bárbara seguia seu curso além da coxilha rumo ao Rio Ijuí com suas águas límpidas, por traz do bairro Pillau. De vez que o arroio Itaquarinchim, nascendo nos olhos d’agua, deslizava em seu curso, aquém dessa coxilia, circundando a cidade, igual ferradura, seguindo em seu curso, com suas águas geralmente turvas, passando por sua bela cachoeira, dirigindo-se, também, ao Rio Ijuí Grande, onde tinha (e tem) sua barra.
Dizia a lenda que quem bebe da água do Itaquarinchim um dia volta para Santo Ângelo, nem que seja a passeio.
Já bem ao norte, para as bandas de Giruá, nasce o arroio São João, que circunda a cidade pelo poente, tendo seu desaguadouro no rio Ijuí Grande por traz do Parque Siegfried Ritter, praticamente quase fechando a entrada da ferradura.