Quarta-feira 27/07/2011

A Sétima Arte em Santo ÂngeloCinema Apolo- proprietário Amado Grizolia, ao qual conheci. A fachada de alvenaria, o resto do prédio era de madeira. Havia camarotes laterais. Cadeira...

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A Sétima Arte em Santo Ângelo
Cinema Apolo- proprietário Amado Grizolia, ao qual conheci. A fachada de alvenaria, o resto do prédio era de madeira. Havia camarotes laterais. Cadeira de madeira muito dura. Havia palco para apresentações teatrais diversas. As apresentações de qualquer tipo, bem como eventos eram lá apresentados. O primeiro proprietário do cinema Apolo foi o senhor Geraldino Câmera, que foi quem construiu. O senhor Waldemar Reis, seu gerente. Maquinário cinematográfico antigo, interrompendo a filmagem a cada parte, com intervalos. Havia na frente uma grande escadaria de alvenaria pegando toda a extensão do prédio.
Fidêncio era uma figura tradicional do cinema, que colocava nas esquinas principais da cidade os cartazes com propagandas dos filmes que estavam programados, tocando uma cineta para chamar a atenção, sob a direção de Fidêncio, que percoria quase todas as ruas, às vezes também batia tambor. O cinema Apolo foi transferido para o Cinema Municipal na esquina da rua Marquês do Herval com a Rua 25 de Julho. Já aí de propriedade dos senhores Marcelo Mioso e Carlos Pansenhagem. O prédio moderno, de maquinário completo, interrompendo a filmagem somente uma vez durante o espetáculo. Com a construção futura do cinema Cisne, passaram a integrar o circuito Freyver com a programação de filmes para muitas cidades. Era comum passarem seriados nas matinés de domingo á tarde. A continuação às vezes levavam algumas semanas sucessivas. Era o cinema e o teatro tradicional da cidade, onde se realizavam peças teatrais, eventos de toda a natureza, cívicas, religiosas, vinham cantores, musicais, etc. Era o centro promocional da cidade.
Mico- Era uma figura tradicional e conhecido em  quase toda a cidade. Bêbado alegre, amigo de todo mundo, frequentava os bares e era bem recebido por todas as famílias, principalmente do Povo Velho, ou Brasil, seu ponto central era o Cinema Apolo, onde não pagava entrada. Um prato de comida aqui, uma garrafa de cachaça acolá e assim ia levando a vida. Não gostava de polícia. Um tipo indiático da “palmeira, fez parte dos célebres” 44 pés no chão de palmeira que tanto fizeram destaque na Revolução de 1932 pela sua valentia e tenacidade.
Não tinham botinas e faziam parte do corpo provissório. Não sei se foram eles que lançaram uma metralhadora da torre de uma igreja. Até que um dia assistindo a um filme de mocinho, tendo o mesmo salvo a mocinha por uma janela, tinha tomado uns tragos a mais, achou bonito e quis fazer o mesmo. Tentou tirar a empregada do senhor Amado Grególio pela janela. Este chamou a polícia. Vieram os brigadianos armados de espada. Tomou a espada de um deles e nas escadarias do Cinema Apolo divertiu e surrou os outros cinco. Chamaram o delegado. Ele prontamente se entregou, dizendo: – Para o senhor eu me entrego, mas para os “papo-roxo” nunca. Os brigadianos da época tinham uma tarja roxa na gala da túnica, daí o apelido. Chegando ao portão da cadeia, o delegado disse: – Por esta vez não vou te prender, mas não repite mais. Este respondeu: – Não tem problema, doutor, se o senhor quiser, eu fico. Foi preciso o delegado fechar a cadeia para “Mico” não entrar.
Cinema Coliseu- Segundo informações prestadas em seu livro “100 anos de cinema”, do escritor Paulo Prado, o cinema Coliseu foi o segundo a ser fundado. De propriedade de Grass e Weck e posteriormente de Geraldino Câmera. Esse cinema, conforme informações colhidas pelo referido escritor, tendo pesquisado em relatos de jornais da época e reminiscências de meu velho amigo, Arlindo Lied, fala de grande salão abaixo do Clube Gaúcho. Pesquisamos, falando com muitas pessoas antigas da cidade. E após muita busca, dois espíritos jovens, porém com certa idade,  um com 91 e outro com 92 anos, sendo respectivamente o senhor Vilson Schorn e Dona Santinha Ferreira, me informaram que esse cinema era ao ar livre, junto do salão ou no salão, onde foi a loja de roupas feitas pelo turco Habib, onde mais tarde foi o cabaré de Dona Bela, na esquina da rua Marechal Deodoro com a rua Marquês do Herval. Creio que está decifrado o enigma da localização do Cinema Coliseu, com esses dois depoimentos idôneos, de pessoas que viveram nessa época, morando nessa área da cidade.                 

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