O Doutor Dário Beltrão
Advogado formado pela Faculdade de Direito de Porto Alegre, na UFRGS. Profissional capaz, competente, brilhante. De retilinidade política, convicções firmes e de carácter, sem dúvidar um amigo sincero, pessoa de ética. Este era o Dr. Dário Beltrão.
Ele veio morar em Santo Ângelo em 1950, residindo inicialmente na Rua Três de Outubro, se mudando para a Avenida Marechal Floriano, além da “Casa das Sedas”, onde residiu alguns anos, se mudando, posteriormente, para sua casa, à rua Antunes Ribas, palacete de dois pisos. Trabalhou a vida toda como advogado.
Foi sempre o líder máximo do Partido Libertador em Santo Ângelo. Homem de convicções, mesmo podendo ser prejudicado, financeira e politicamente, não guardava rancor. Sempre foi fiel aos princípios parlamentaristas e federalistas. Apesar disso, foi procurador do futuro Presidente da República João Goulart, que era inclusive seu opositor político.
Filho de Francisco Beltrão e de dona Conceição Pereira Beltrão, mais conhecida como Dona Cotinha. Teve dois filhos, Montalverne Beltrão, ex-vice prefeito do município, advogado e agropecuarista e Robespierre Beltrão, secretário do IESA, pessoa que tenho larga amizade desde o tempo de estudante. Robespierre inclusive é casado com a filha de meu velho amigo e alto prócer do antigo Elite Clube Despotivo, o senhor Walter Schique, que sempre esteve à ponta dos acontecimentos politicos de nossa cidade.
O doutor Dário Beltrão se elegeu Deputado Estadual pelo Partido Libertador em 1963. Não votando em Walter Peraqui Barcelos para governador, por fidelidade aos seus princípios ideológicos, foi prejudicado politicamente. Apoiou a posse do senhor João Goulart durante a “Campanha da Legalidade”, porém, sempre politicamente divergindo do mesmo.
Negou-se a participar de uma possível revolução em 1961, para a posse do referido presidente, declarando na época ao senhor Hed Borges e repetindo para mim que um homem, depois que pega em armas aderindo a uma revolução, não se pertence mais a si mesmo, não tem retorno. Por isso deve pensar muito. Retirando-se da política, tornou-se professor do IESA, até terminar seus dias, sempre rodeado de muitos e bons amigos.
Quando residia e advogava em Santiago/RS, liderou o movimento para a construção de um marco alusivo à morte do líder revolucionário e legendário Gomercindo Saraiva, que atuou na Revolução Federalista em 1893, sendo um líder maragato morto, covardemente pelas costas por ordem do chefe chimango Pinheiro Machado.
Depois de morto foi degolado e sua cabeça enviada ao então governador Julio de Castilhos. Estava ele no alto de uma coxilha, vestindo seu pala branco, em companhia de seu irmão, descuidadamente, pois a revolução já havia terminado, quando uma bala assassina de fuzil o atingiu pelas costas. Uma frase dele: Não se pede de joelhos, se conquista de espada em punho.
Nome de praça: Por unanimidade a Câmara de Vereadores de Santo Ângelo outorgou como justa homenagem a esse cidadão o nome da praça existente em frente à Policia Federal de “Praça Dário Beltrão”. Não sabemos por que até hoje a prefeitura não mandou fixar a respectiva placa no lugar devido.