Da Capital das Missões para o Continente Africano, uma santo-angelense

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Todos desejam um dia deixar o país, seja por uma simples questão turística ou no intuito de ir residir para sempre em outro continente, conhecendo novas pessoas, idiomas, hábitos e costumes diferentes. Já é normal a fase da escola, quando muitos jovens já deixam suas cidades no interior para morar mais próximo das capitais. Como diz Humberto Gessinger, “estamos longe demais das capitais”.
E este anseio por novos ares, novos rumos profissionais e passos atrás dos próprios sonhos surgiu aos 14 anos na vida da santo-angelense de coração Lauren Schmeing Meneghetti (ela é natural de São Luiz Gonzaga/RS), filha de Antônio Luiz Meneghetti e Zaira de Lourdes Scmeing “Lala” Meneghetti, quando deixou a Capital das Missões para ir residir em Porto Alegre. Antes disso, a bela Lauren foi aluna do Colégio Sepé Tiaraju. Na capital gaúcha, ela estudou no Colégio Sèvignè e concluiu a graduação em Engenharia de Controle e Automação na PUC.
Hoje, a estonteante mulher de olhos verdes que poderia passar por modelo profissional, reside na cidade de Tete, em Moçambique, no continente africano, onde trabalha no município de Moatize. “Tenho uma vida muito tranquila, moro no condomínio da empresa que trabalho, onde temos uma estrutura ótima. A cidade em que eu moro é pequena, apesar de ter uma população maior do que a de Santo Ângelo. A infraestrutura ainda é muito precária, não existem muitas lojas, supermercado só tem um pequeno, além de diversas feirinhas (tipo mercadões ao ar livre). Mesmo assim, consigo encontrar os produtos que estou acostumada a encontrar no Brasil. Dá para matar a saudade indo nos restaurantes, que são ótimos”, conta Lauren.
Esta é a segunda vez que Lauren Meneghetti reside fora do país. No período de 2007 a 2009, ela chegou a trancar a faculdade em Porto Alegre para fazer intercâmbio e estudar a língua inglesa. Assim, ela morou nos Estados Unidos, na Holanda e na Inglaterra. “Desde que voltei ao Brasil, em meados de 2009, sempre tive planos de sair do Brasil, novamente, assim que concluísse minha graduação. Assim, no momento em que encontrei esta oportunidade de vir para a África, não pensei duas vezes”.
Ela foi para Tete na metade de julho deste ano e ficará por lá  trabalhando como Trainee de Engenharia e Manutenção até julho do ano que vem, pelo menos. “Estou atuando diretamente na minha área profissional e no meio onde tive minhas experiências de estágio durante a faculdade, na manutenção da operação. Desta vez em uma Mina de Carvão da Vale”.
A cidade de Tete
Para Lauren, “Tete é totalmente diferente de Santo Ângelo, por estar situada em um país com desenvolvimento inferior ao do Brasil, ainda falta muita coisa para ter uma estrutura (desde saneamento, urbanismo, lazer) como a de nossa cidade. O povo daqui é muito humilde, não tem poder aquisitivo, aqui não tem lojas e cinema, o transito é uma bagunça, tem muita poluição nas ruas, muitas pessoas carentes pedindo esmola e morando em barracos construídos com palha e lama. Mas é um lugar muito bonito, apesar da pobreza e do clima seco. As coisas estão começando a mudar desde a chegada da Vale na cidade, que vem gerando uma mudança na economia com a chegada de pessoas vindas do Brasil, assim como dos locais que conseguiram bons empregos na empresa.  Já vemos novas lojas, casas, hotéis e restaurantes sendo construídos, os locais estão mudando seus hábitos e estilo de vida”.
Como é o seu trabalho em Moçambique?
Lauren relata que “a princípio, meu programa de trainee era para ser mais na área gerencial da Manutenção e Engenharia, para controlar custos, suprimentos e pessoas. Devido a minha formação, estou atuando a maior parte do tempo diretamente com automação em contato com fornecedores mundiais de sistemas de automação e controle, desenvolvendo ferramentas e dando suporte à operação.
Como as empresas que estão comissionando a planta são todos de fora, estou treinando bastante meu inglês. Este é ainda um projeto (Projeto Carvão Moatize – Vale) e temos cerca de 20 nacionalidades trabalhando no site. Fala-se muito em inglês, temos reuniões que são totalmente neste idioma e, mesmo que a língua oficial do país seja português e os moçambicanos não ficam pra trás, a grande maioria fala perfeitamente. Fora o trabalho que está sendo uma experiência maravilhosa,tanto para minha vida pessoal quanto profissional. Tenho uma vida muito agradável aqui, é claro que sinto muita falta da família, amigos, festas e todas as coisas que eu estava acostumada, mas a turma que mora aqui é muito unida. Apesar  do tempo livre ser quase nulo, pois saímos de casa logo cedo e voltamos à noite, sempre temos a semana toda programada com jantinhas, festas, churrasco… e, como eu falei anteriormente, a estrutura do condomínio que a Vale nos proporciona é muito boa e confortável. Tenho uma turma grande de amigos de todas as idades e cantos do Brasil que trabalham nas mais diversas áreas e funções na empresa.Nos finais de semana,sempre “aprontamos” alguma coisa, uma excursão pra alguma cidade perto, ou piscina, acampamento na beira do rio”.
Assim é a vida desta santo-angelense de coração  que do Brasil sente a saudade dos pais Antonio e Zaira, e dos irmãos Michel, Pierre, Nicole e Marcel. Hoje, aos 25 anos de idade, Lauren Meneghetti se revela “feliz da vida” em território africano. Abraçando o trabalho e a todos. Como na música de Bob Marley, “África Unite”…

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