Luiz Carlos Prestes- Parte I
O Capitão Luiz Carlos Prestes chegou a Santo Ângelo no ano de 1923, aproximadamente. Prestou muitos serviços à comunidade, deixando belas recordações à comunidade santo-angelense. Pessoa imponente, despertava respeito, além de comprovadamente ser um grande patriota. Exímio militar e estrategista, transmitia esperança e admiração aos cidadãos. Sempre integrando-se aos assuntos da comunidade, deu provas de ser ótimo cidadão.
Todos que o conheciam falavam muito bem a seu respeito, meu pai o admirava, meu avô o respeitava, o Sr Ernesto Joung tratava com total respeito, contando inclusive alguns fatos ocorridos com os dois. O senhor Assis Brandão era também grande admirador dos feitos de Luiz Carlos. Meu tio Solon Pereira que trabalhou na construção do quartel dizia que ele se queixava dos desvios de materiais de construção. Compadre Janguta Aires da Silva, fazendeiro de Ijuí, o acompanhou até a Bolívia. O senhor Miguel Lemos, marido da professora Zelina Monteiro, contava muitas histórias e façanhas dele, favoravelmente. Muitos comerciantes daqui da cidade, São Luiz Gonzaga e Comandaí, cujas mercadorias ele requisitava, em meio à revolução, passando recibo, estes vendedores não se queixavam muito do prejuízo. Acredito que a maioria apoiava sua causa. Ele conquistou a maioria da opinão pública, principalmente pela sua personalidade marcante. Sempre voltado para o bem-estar de todos, ajudando no que fosse preciso, instalou o quartel do “Batalhão Ferroviário” na Travessa Mauá, sobre um barranco. A garagem das locomotivas ficava na esquina da Marquês do Herval com a Rua 25 de Julho, sendo esta garagem derrubada para a construção do “Cine Teatro Municipal”. Trouxe e instalou a rede elétrica em Santo Ângelo, vindo de Ijuí, para o senhor Joaquim Rolim de Moura. Fez o estudo, projeto e levantamento da Usina do Ijuizinho para o senhor Gurizote. Este quase a executou totalmente, construindo a casa das máquinas, túneis, faltando apenas a barragem. Não fosse a ação nefasta do engenheiro José Carlos Medaglia (na época engenheiro da prefeitura), encampando a usina com seus 60 hectares, mais a rede pública, não fosse a atitude negativa desse engenheiro, Santo Ângelo teria luz própria há muitíssimos anos. Muitas industrias não se instalaram aqui por falta de energia. Eles deram um atraso de 50 anos ao município, segundo meu pai. Pois o senhor Gurizote comprava a energia por 0,10 e vendia a 0,40, e o referido engenheiro, querendo o lucro para a prefeitura, acabou atrasando a obra, ficando tudo no abandono. Luiz Carlos também calculou e fez o projeto do Colégio Onofre Pires. Quando parava no Hotel Avenida, construiu a calçada e a escadaria de acesso à Estação, desde a roleta de entrada. Morou numa casa de madeira do senhor Morais, na Marechal Floriano, acima da Casa das Sedas. Construiu a rede Ferroviária de Santo Ângelo ao Comandaí, inclusive a ponte. Fiscalizou a construção dos quartéis de Santo Ângelo e Santiago, sempre assessorado pelo Tenente Portella, bem como pelos soldados e funcionários. Iniciada a Revolução em São Luiz Gonzaga, porém com o “cérebro” e comando aqui em Santo ângelo. No ataque a Ijuí, de trem, as tropas tiveram que voltar de ré, porque os defensores foram avisados pelo telégrafo (uma menina, filha do estacionário, João Pereira mandou um morse). Continua…