Sábado 26/05/2012

Terminei de ler nessa última quarta-feira o romance colombiano – Memórias de Minhas Putas Tristes – escrito pelo renomado escritor Gabriel García Márques. As127 páginas trazem, em cinco...

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Terminei de ler nessa última quarta-feira o romance colombiano – Memórias de Minhas Putas Tristes – escrito pelo renomado escritor Gabriel García Márques. As127 páginas trazem, em cinco capítulos, várias histórias de amor entre um homem provecto e uma jovem recém-sendo. A obra, por ser escrita por quem a escreveu, recomenda e merece pelo menos uma leitura daqueles que, como eu, gostam de ler, ler, ler… É desse livro, o décimo quinto lido por mim neste ano, que saem os assuntos desta coluna.

O primeiro assunto está neste período: O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança. A colocação proclítica do pronome pessoal oblíquo nos está correta. Havendo palavra negativa e um verbo simples na oração, a palavra negativa exige próclise – pronome oblíquo antes do verbo. Não é palavra negativa e exige, portanto, o pronome nos antes do verbo. Passando um pente fino no período, constata-se a presença de uma cacofonia nestas duas palavras: gente tem. A sílaba final de gente unida com tem dá esta cacofonia: tetem. Essa cacofonia, diga-se de passagem, não enfeia nem faz soar mal a beleza do período gabrielino.

O segundo assunto se encontra neste período: O médico havia receitado um tratamento caseiro para uma gripe comum que cederia em uma semana, mas se alarmou com seu estado geral de desnutrição. Havendo a conjunção mas dentro de um período iniciando uma oração, antes desse mas haverá vírgula obrigatória. Entre o mas e alarmou está o pronome oblíquo se. Está correta a próclise. A próclise, aliás, é sempre bem-vinda em qualquer oração, menos no início do período. Depois de uma oração terminada por vírgula, não havendo palavra que exija somente próclise na oração seguinte, o pronome oblíquo pode ficar na forma enclítica – depois do verbo. O se, então, ficaria bem-posto depois de alarmou – mas alarmou-se. Mas o se proclítico nesta oração – O segundo assunto se encontra neste período – não poderia ficar enclítico – encontra-se – porque segundo é numeral e numeral exige próclise.

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