A aprovação do código florestal é com certeza o tema que todos mais têm visto nestes últimos dias. Os cientistas acreditam que foi uma ação precipitada, os ambientalistas acharam um retrocesso e o governo petista afirma seu compromisso com os partidos políticos de sempre. E além de todas essas abordagens, não podemos esquecer da polêmica vaia ruralista provocada pela iniciativa de José Sarney Filho em mencionar o assassinato do líder extrativista José Claudio Ribeiro durante a seção na Câmara.
É fácil apontar isso como uma vitória do ruralismo, mas não seria também um fracasso do governo, da comunidade científica, das ONG’s, da Frente Parlamentar Ambientalista, do Ministério do Meio Ambiente e de todos os outros que estavam do outro lado?
De acordo com a jornalista Carolina Derivi, em um de seus comentários da semana: “Movimentos socioambientais estiveram, esse tempo todo, muito mais preocupados em evitar os piores desmandos que em assumir um papel propositivo. Tinha razão Aldo Rebelo quando os acusava de reclamar muito e contribuir pouco. Em janeiro deste ano, em contato com representantes das maiores ONG’s em atividade no país, descobri que tinham finalmente percebido que a atitude apenas defensiva não resolve. Foi tarde demais.”
O governo Dilma empurrou com a barriga. O MMA só entrou com proposições há menos de seis meses e a comunidade científica observou calada a desqualificação de leigos sobre os critérios técnicos da legislação. E por acaso algum dos parlamentares ambientalistas aventou a possibilidade de formular um projeto de lei com as verdadeiras soluções?
Como Derivi diz, “o lado verde alegava que não se podia passar o projeto sem debate. Houve debate, sim. Aliás, um debate exaustivo, enjoado, esgotante. O que não houve é o debate produtivo.”
E depois que ocorrem as catástrofes naturais, devido ao desmatamento e a poluição provocadas pelo homem, de nada adianta chorar em frente à televisão e comentar com o vizinho na roda do chimarrão: “que tragédia, não?”. Mais uma vez, a política lavou as mãos…