Uma semana depois do mutirão de limpeza do Itaquarinchim as sacolas de lixo continuam sendo jogadas e o cheiro de esgoto não cessa. Análises realizadas no laboratório de química da URI – Campus Santo Ângelo revelam que o rio na zona urbana tem excesso de material orgânico, ou seja, gorduras e proteínas que demoram para se decompor e causam a morte dos organismos do ecossistema natural do rio, inclusive resíduos industriais são detectados nas análises.
Amostras de água coletadas sob a responsabilidade técnica da química industrial e mestre em recursos hídricos e saneamento ambiental, Zuleica Souza dos Santos, que é responsável pelo laboratório de Química da URI – Campus de Santo Ângelo, apontam que na zona urbana do rio, a água não oferece condições de sobrevivência para peixes e outros microrganismos que mantenham um ecossistema saudável, sendo imprópria também para o banho.
Itaquarinchim desvalorizado
Uma prática comum e pouco conhecida é realizada por moradores que, ao construírem suas casas, ligam o esgoto doméstico diretamente nos tubos de escoamento de águas pluviais, fator agravado pela falta de fiscalização e de consciência da população e construtores. Mesmo que a rede de esgoto passe em frente das residências, para reduzir custos e mão de obra a ligação em local incorreto é realizada.
Valdines Halles conta que o cheiro de esgoto, a falta de iluminação pública e o abandono do entorno do rio fazem com que as pessoas não se conscientizem “o cheiro não ajuda” diz o morador ribeirinho. Ele conta que as pessoas que moram no entorno tem o esgoto ligado diretamente no rio, “mesmo que a tubulação passe perto eles não tem condições de realizarem e nem incentivo para isso. Levando em consideração estes fatores, acabam jogando o lixo direto no rio, inclusive com a sacolinha”, disse o morador, Valdines conta que após as 10h o mau cheiro do Itaquarinchim aumenta.
Itaquarinchim valorizado
Mesmo assim, muitos moradores percebem o vizinho rio como um companheiro nas horas de lazer e se preocupam em preservar suas margens. “Já esteve pior, cheguei aqui há 40 anos e naquele tempo o rio era menor, mais escuro e também tinha mau cheiro”. Palavras de Vó Maria da Cruz Garcia de 87 anos. “Gosto de ficar aqui. Como seria bom se tivesse uns bancos ou pedras para que pudéssemos sentar nas tardes quentes”. Vó Maria conta que existem moradores que ajudam a melhorar a qualidade do rio e pescam as sacolinhas de lixo com uma vara.
Leonilda Soares de Moura mora próximo do rio a cerca de dois anos e resolveu plantar árvores frutíferas: ao todo foram 20 mudas, entre as espécies ela destaca: limão, bergamota, guavirova, butiá, laranja e guabijú. A intensão é deixar o lugar mais agradável e sensibilizar mais pessoas a realizarem ações semelhantes. Leonilda ao lado de Helena, sua neta, percebe que o ato de plantar árvores frutíferas colabora para a ornamentação, convívio comunitário e também com a sustentabilidade, pois inclusive alimento as árvores fornecem.