O tomate longa vida é um velho conhecido na gangorra dos preços. Começou esta semana em oferta sendo vendido ao consumidor no supermercado próximo de R$ 1,90. Mas chegou a ser comercializado na casa dos R$ 5 reais. Segundo os varejistas, fatores como a quantidade de estoque disponível no fornecedor, a aparência e a qualidade do produto, fatores climáticos como a incidência de chuva, a quantidade do produto negociada com o fornecedor e até mesmo, a disposição do consumidor em levar o tomate para casa, influenciam no sobe e desce dos preços.
A cebola é menos perecível, portanto o preço é mais estável, embora a época de safra, qualidade e quantidade do estoque também exerçam influência, ultimamente o que impacta como mais força no preço é variação cambial. A maior parte do produto consumido no Rio Grande do Sul é importado da Argentina, com o dólar em alta, encarece a importação e quem paga conta, é o consumidor.
Seu Gilberto Schneider é agricultor, na manhã de segunda feira aproveitava o preço baixo do tomate e levava alguns quilos para casa, ele conta que só compra quando o preço está baixo e dependendo do valor não vale a pena plantar, “fiz uma plantação para consumo, mas agora acabou.” O agricultor explica que precisa de uma infraestrutura mínima para plantar tomate, como irrigação e estufa, por exemplo, considerando que a cultura não é o foco da propriedade ele precisa comprar tomate no supermercado. O mesmo acontece com muitos dos seus vizinhos, que não se ocupam com o cultivo de legumes, “se o preço continuar na casa dos cinco reais, o jeito é plantar tomate e cebola”, brinca Seu Gilberto.
O agricultor procura o lugar mais barato para comprar, pois cada supermercado tem uma maneira diferente de negociar o tempero preferido de Seu Gilberto, como consequência, apresentam varações significativas, que deixam o comprador “de olho vivo”.
Glauber Silveira é agrônomo e especialista em gestão empresarial. Na opinião de Glauber o que está ocorrendo é falto de planejamento e investimentos, principalmente nos produtos que diariamente ocupam a mesa dos brasileiros. Além da dupla citada ele fala que a produção de feijão e milho, também estão enfrentando o mesmo problema.
Em dez anos a importação de frutas e hortaliças cresceu mais de 400%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Levantamento do IBGE dão conta que cada brasileiro consume 27 kg de frutas e verduras por ano, enquanto na Itália o consumo é de 157,7 kg, USA 98,5 kg e Israel 73,0kg. “Concordo que nosso consumo tem aumentado, mas não justifica importarmos tanto quando deveríamos estar produzindo para nosso consumo e inclusive exportando”.
Estudos sobre a comercialização de frutas e verduras mostram que elas chegam à mesa do brasileiro, 400% mais caras do que o preço recebido pelo produtor. Existem mecanismos para diminuir esta diferença, o consumidor pagar menos e o produtor receber mais, mas para isto acontecer é preciso de estratégia comercial.
Confira uma pesquisa de preço que realizamos na segunda-feira, dia 23, em cinco estabelecimentos da cidade
Estabelecimento 01
Tomate – R$ 2,19
Cebola – R$ 3,19
Média entre os dois R$ 2,69
Estabelecimento 02
Tomate – R$ 2,98
Cebola – R$ 2,98
Média – R$ 2,98
Estabelecimento 03
Tomate – R$ 1,98
Cebola – R$ 5,15
Média entre os dois R$ 3,56
Estabelecimento 04
Tomate – R$ 1,80
Cebola – R$ 3,35
Média entre os dois R$ 2,72
Estabelecimento 05
Tomate – R$ 1,49
Cebola – R$ 2,98
Média entre os dois R$ 2,23