A comercialização do trigo foi tema de uma reunião em Porto Alegre esta semana. Produtores gaúchos querem mudanças nos mecanismos de venda do produto para garantir escoamento da produção. Em Santo Ângelo o cenário não é diferente, os agricultores temem a falta de comprador para o grão, visto que, nem mesmo preço fixado o produto têm. Não bastasse isso, o calor e a umidade favorecem a proliferação de fungos persistentes e as perdas de produtividade também já são irreversíveis.
Durante encontro da Câmara Setorial do produto, em Porto Alegre. O presidente da Câmara, Àureo Mesquita, afirmou que nos editais atuais dos leilões do Prêmio Equalizador Pago ao Produtor não há apoio para o trigo estocado. Também os 200 milhões de reais destinados para as Aquisições do Governo Federal são somente para a safra nova.
Segundo Mesquita, o Estado ainda tem trigo para ser vendido da safra passada e a nova que começa a ser colhida está estimada em 3 milhões de toneladas. O setor teme que este volume possa impactar no preço, que já está abaixo do mínimo.
No dia 15 deste mês a Comissão Municipal de Estatística Agropecuária coordenada pelo IBGE, deve se reunir para fixar uma estimativa de produção, visto que, a previsão inicial de 45 sacas por hectare não se sustenta, inclusive, alguns agricultores já estão realizando o pedido de Pro-agro. Eles alegam que o ganho com a colheita do grão não deve cobrir os custos de produção.
O chefe do Escritório Local da Emater, Álvaro Uggeri, destaca que a região tem vocação para o cultivo do Trigo, a safra do ano passado foi um exemplo deste fato, alcançou marcas históricas, produtores colheram, em média, 61 sacas por hectare. No atual período as lavoras estão em fase de enchimento de grão, algumas já se aproximam da maturação, embora não seja possível afirmar uma estimativa exata, é de consenso que ficará abaixo de 45s/h. Fator que se agrava com as chuvas deste final de semana, pois favorece a proliferação de manchas foliares e giberela.
Segundo dados do SECEX, em setembro/14 o mercado brasileiro importou 461,086 mil toneladas de trigo. Esta quantidade foi 36% inferior às importações de agosto/14, e ainda 22% inferior em relação a setembro/13. Preço médio de setembro/14 foi de US$ 300/ton contra 316/ton do mês anterior.
As origens do trigo importado em setembro/14, 36% de trigo americano; 27,4% de trigo uruguaio; 19,9% de trigo argentino e 14% (65 mil toneladas) de trigo canadense. Este último concentrado em Estados do Nordeste e um envio ao Rio de Janeiro. Paraguai apenas com 10 mil toneladas, suprimido na disputa com o trigo paranaense por conta do câmbio e também pelo avanço ainda pequeno da colheita.
Edição: Marcos Demeneghi
Com informações do Agrolink, AF News e Emater Santo Ângelo.