A bergamota, a laranja e demais citros fazem parte da gastronomia Missioneira, frutas comuns no fundo dos quintais, na feira, nos supermercados, na beira de estrada, inclusive no comércio de rua. Variedades muito bem adaptadas ao clima do Rio Grande do Sul e o sabor é muito apreciado pelos moradores, mas em que medida a fruta é produzida comercialmente em Santo Ângelo?
Cerca de 20 produtores dedicam-se ao cultivo comercial de citros em Santo Ângelo. O levantamento é de extensionistas do escritório regional da Emater e a área destinada para as bergamotas, laranjas e limões no município está avaliada em 12,5 hectares. No entanto, a produção feita para subsistência que também resulta na venda para pequenos comércios, não entra nesta estatística.
A fruta é tão comum nas Missões que exerce influência na cadeia produtiva, principalmente nos modos de escoamento da produção, pois o mercado local não é atraente para o produtor comercial, que pode encontrar dificuldades em vender o produto próximo da lavoura, quando cultivado em escalas maiores.
Como é o caso do produtor Ércio Zappe. Ele usa pouco mais de sete hectares de sua propriedade em Rincão dos Mendes para cultivar laranjas de umbigo. Produz cerca de 70 toneladas e consegue vender no máximo 15 toneladas no mercado local. Portanto, vende a produção para outras regiões do Rio Grade do Sul e alimenta pessoas distantes de sua terra natal. Nesta semana, ele está finalizando a colheita de laranjas e na sua avaliação os frutos estão saborosos e de boa qualidade.
Por outro lado, a fruta também é trazida de outras cidades. Na manhã de terça-feira, dia 26, Claudiomiro de Almeida Borba estacionou sua camionete na Av. Brasil e enchia baldes de bergamota Ponkan para serem vendidas diretamente ao consumidor na zona urbana de Santo Ângelo. A fruta é produzida em Sarandi e Claudiomiro faz a venda nas ruas de aproximadamente 20 cidades, inclusive Santo Ângelo.
Portanto, o contexto de plantio e consumo de citros em nossa cidade é diversificado. Mais um exemplo do tipo de produção e modo de escoamento é o caso de Alessandro Peppe. Ele vende limão, laranja e bergamotas de variedades crioulas, bem como, variedades adaptadas na feira dos hortifrutigranjeiros, mas também vende por meio do programas estaduais e federais de incentivo de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Alessandro planta 40 pés de ponkan, 25 de margote, 5 pés de bergamota do céu, 30 pés de montenegrina e 40 de bergamota comum.
Dados preliminares que compõe um estudo em andamento na Regional da Emater de Santa Rosa, que envolve 45 municípios da região, permitiu identificar até agora 346 produtores comerciais de citros, assim classificados pela tipo: A bergamota é cultivada em escala comercial por 152 produtores, em 39ha; A laranja por 166 produtores em 147,3 ha e o limão por 28 produtores em uma área de 5,2 ha.
Em âmbito estadual a Embrapa reúne dados sobre os citros e informa que no Rio Grande do Sul existe uma cadeia praticamente completa de citros, envolvendo cerca de 20 mil produtores rurais, a maioria destes de base familiar, viveiristas, produtores dos mais diversos insumos, beneficiadores de fruta em packing houses, atacadistas, feirantes, varejistas pequenos, médios e grandes, e milhões de consumidores (OLIVEIRA et al., 2012).
Mesmo assim, o Rio Grande do Sul importa de outros estados e países, sobretudo, dos estados de São Paulo e Paraná, e da Espanha e do Uruguai, quase 50% dos citros que consome. Este mesmo estudo da Embrapa informa que o cultivo de laranjeiras, tangerineiras, limoeiros, limeiras ácidas e híbridos de citros no estado ocupa uma área próxima a 40 mil hectares.