Moradores coletam água em banco de areia do Rio Madeira, na Amazônia, no último sábado — Foto: Michael Dantas/AFP
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta terça-feira, em visita ao Amazonas, que o seu governo irá criar uma Autoridade Climática para enfrentar as tragédias provocadas pelas mudanças nas condições ambientais do Planeta.
A criação da nova estrutura era uma promessa de campanha assumida por Lula no momento da adesão de Marina Silva, atual ministra do Meio Ambiente, à sua candidatura em 2022.
— Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos (riscos climáticos extremos). Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal — disse o presidente, durante encontro com prefeitos para anúncio de medidas de combate à seca no estado, em um trecho lido de sua fala.
Lula acrescentou que o “objetivo é estabelecer as condições para ampliar e acelerar as políticas públicas a partir de um plano nacional de enfrentamento aos riscos climáticos extremos”.
Pela proposta apresentada na eleição, a Autoridade Nacional para Mudanças Climáticas teria como objetivo acompanhar as medidas tomadas pelo governo para reduzir a emissão de gases que contribuem com o efeito estufa. Após a vitória, a proposta foi deixada de lado. Um dos motivos alegados era a restrição orçamentária.
Lula viajou ao Amazonas acompanhado dos ministros Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente), José Múcio Monteiro (Defesa), Nizia Trindade (Saúde), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos.)
O presidente anunciou o investimento de R$ 500 milhões em intervenções de dragagem nos rios do estado do Amazonas, para facilitar a navegação em meio à estiagem. Também foi prometida a pavimentação de um trecho de 20 quilômetros da rodovia BR-319, ao custo de R$ 157,5 milhões.
Durante o seu discurso, Lula também criticou a gestão do antecessor Jair Bolsonaro (PL).
— O plano anterior para o meio ambiente estava claro era abrir a porteira para deixar o gado passar. E a gente acha que a gente pode até criar gado, mas não precisa destruir a floresta e o nosso planeta para a gente criar. E nós, por isso, estamos tratando com muita decência.
Amazônia registra chuvas abaixo da média histórica desde julho. Nas últimas semanas, os focos de incêndio levaram cidades e até territórios indígenas a serem tomadas pela fumaça. Em 27 de agosto, chegou a ser registrado 1516 focos de queimadas na Amazônia, de acordo com o painel de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe): 39% no Pará, 29% no Amazonas, 12% no Acre, 10% Rondônia e 8% no Mato Grosso.
Em julho, a Amazônia viveu o pior julho desde o início da série histórica de queimadas, em 1998. Além do desmatamento, o bioma sofre, pelo segundo ano seguido, uma seca severa.
Ao longo do dia, Lula e os ministros visitaram comunidades atingidas pela seca no interior do estado.