Pesquisadores de Cerro Largo estudam os efeitos da erva mate na horta

Experimento de pesquisadores da UFSS comprovou que a erva mate provoca atraso de germinação em culturas como salsa, tomate, alface e cebolinha

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mate-01Você sabia que o descarte da erva-mate em hortas pode afetar o crescimento das plantas? Um estudo realizado na UFFS – Campus Cerro Largo apontou para a diminuição da velocidade de germinação de quatro hortaliças testadas: salsa, tomate, alface e cebolinha. A pesquisa fez parte do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) da estudante de Agronomia do Campus, Marcia Frank e concluiu que, no decorrer do crescimento e desenvolvimento das espécies utilizadas, houve diferentes respostas – quando em contato com a erva-mate (ilex paraguariensis) – sobre a velocidade de germinação, número de sementes germinadas e sobre o tamanho da plântula (que é composta do sistema radicular e da parte aérea, somente após a formação das folhas e o início da fotossíntese, que ela passa a ser planta).
Para a estudante, os resultados foram expressivos em todos os parâmetros observados. “Me surpreendi com os resultados, apesar de optar por porcentagens baixas do extrato de erva-mate”, conta Marcia. A estudante utilizou 3 porcentagens de erva-mate adicionado à água: 10%, 5% e 1%, e quatro repetições de 25 sementes de cada cultura. Além disso, utilizou testemunhas, que são as sementes sem a interferência da erva-mate. Os experimentos foram realizados no Laboratório de Sementes do Campus nos meses de setembro e outubro de 2016.
A velocidade de germinação, em sementes sob o extrato a 10%, foi de 58% menor na alface e 62% menor na cebolinha do que na semente em condições normais. Já na salsa, também sob o extrato a 10%, o crescimento foi de 94% menor e no tomate 98% menor, sendo o mais sensível ao extrato de erva-mate. O tomate, além de germinar com menos velocidade, obteve um número expressivamente menor de plântulas germinadas ao final do experimento, apenas 4% comparado à testemunha.
Ainda existem poucos estudos na área e Marcia acredita que isso contribui para que as pessoas continuem a fazer o descarte de maneira incorreta. Ela informa que a melhor maneira de fazer o descarte é por meio de compostagem, para depois servir como adubo. “É importante esse tipo de estudo principalmente para aquelas pessoas que descartam a erva-mate usada no chimarrão diretamente sobre o solo, sem passar por um processo de compostagem. Também o conhecimento dos efeitos alelopáticos das plantas é importante para se entender as interações entre elas e o meio ambiente”, relata a formanda. A alelopatia é um fenômeno de ocorrência natural, resultante da liberação de substâncias capazes de estimular ou inibir o desenvolvimento de outras plantas e organismos.
Para o coordenador do curso de Agronomia e orientador do TCC da aluna, Sidinei Ziwck Radons, “a área de alelopatia merece uma maior atenção da comunidade científica, visando compreender as interações químicas que podem acontecer entre as plantas. Muitas vezes, sistemas de produção são mal manejados devido ao desconhecimento dessas interações. Esta área apresenta muito potencial para a pesquisa e o desenvolvimento de novas biotecnologia, especialmente na agroecologia”, explica.
O trabalho intitula-se “Efeito de extrato bruto aquoso de erva-mate sobre sementes olerícolas”.

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