2018: Ano do centenário da imprensa no município

Oscar Pinto Jung conhece a história do jornalismo impresso como poucos e no ano do centenário da publicação do primeiro jornal editado em Santo Ângelo, foi ele que...

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IMG_4210 (Copy)Oscar Pinto Jung era criança e já começou a ler jornais, o Correio do Povo era a sua principal referência, mas também lia o Diário de Notícias de Porto Alegre. “Certamente este hábito de leitura foi transmitido pelo meu pai, Oscar Ernesto Jung. O Correio do Povo marcou a história do impresso no Rio Grande do Sul, um jornal que o Gaúcho confiava, dirigido pela empresa Caldas Júnior”, acrescentou Pinto Jung.
Este ilustre santo-angelense crescia, tinha pouco mais de 12 anos e já buscava referências nos periódicos locais, começou a ler o jornal santo-angelense “O Minuano”, mais tarde, “O Missioneiro” e foi justamente no Missioneiro, aos 18 ou 19 anos, que começou a trabalhar profissionalmente como repórter e redator. Formou-se em advocacia, mas até hoje escreve de modo colaborativo para impressos locais, transformando fatos da realidade social da cidade em crônicas, tanto da atualidade, quanto do passado. Oscar também é um espiritualista e escreve artigos sobre o Espiritismo.

1918 “A Paz”
O ano de 2018 marca o centenário do jornalismo impresso em Santo Ângelo. Oscar Pinto Jung relembra que o primeiro Jornal editado na cidade se chamava “A Paz” história que resgata fatos do ano de 1918 e a editoria deste periódico era liderado pelo Advogado João Carlos de Araújo e Silva. “Não tenho muitos dados sobre ele, mas lembro que Amado Grisólia, um conhecido jornalista regional mencionava esta história, completou Pinto Jung.
Para continuar reconstituindo a história do impresso na primeira metade do século XX em Santo Ângelo, Oscar busca referência em três personalidades principais: Utalino Fernandes, Fulvio da Silveira Bastos e Seraphim Dias Ferreira.

1919 “A Luz”
Utalino Fernandes, na opinião de Oscar, foi um dos mais polêmicos jornalistas que a cidade conheceu. Um dos pioneiros do impresso em Santo Ângelo, editando em 1919 – O Jornal “A Luz”. A história mais pitoresca que aconteceu com Utalino, segundo Oscar, foi na direção do Jornal “O Debate”. Utalino Fernandes era um ex-pastor da Igreja Metodista, escrevia muito bem, era formado em letras e tinha posições políticas bem definidas, certa vez ele escreveu um artigo muito pesado contra Leonel Brizola, que o processou. Utalino Fernandez foi condenado a cumprir prisão em Porto Alegre, explica Oscar.

“O Missioneiro” – Primeiro
Jornal diário de Santo Ângelo
Fúlvio da Silveira Bastos é outra personalidade da imprensa santo-angelense destacada por Oscar. Foi diretor do primeiro jornal diário da cidade, O Missioneiro. Oscar conta que naquela época era uma ousadia, pois os textos eram montados letra a letra por tipógrafos e demandava grande esforço fazer uma tiragem todos os dias. “Um trabalho infernal”, disse ao recordar daquele tempo, afirmando que em sua juventude se tornou amigo de muitos tipógrafos. Foi no O Missioneiro que, aos 18 ou 19 anos, conquistou seu primeiro emprego, fazia cobertura das sessões da Câmara de Vereadores e dos fatos policiais.

1919 “A Semana”
Seraphim Dias Ferreira também é pioneiro da comunicação impressa, era um Padre Português que no ano de 1919 iniciou um projeto Editorial intitulado “A Semana”. O periódico teve vida curta, mas Seraphim foi um requisitado intelectual da época e escreveu para outros jornais ao longo de sua passagem por Santo Ângelo.
Oscar Pinto Jung conta algumas curiosidades a respeito da trajetória do Padre Seraphim, que acabou “deixando a batina” para assumir o cargo de Diretor de Instrução e Cultura na Administração Municipal. “Aquele tempo era um deserto de homens e ideias, a intelectualidade do padre português foi aproveitada”. Seraphim também escreveu livros didáticos para as escolas do município e foi presidente do Clube Gaúcho. Um amigo de Oscar, chamado Vitor Oliveira de Jesus, conta que alfabetizou-se em Eugênio de Castro com um destes livros do padre português, intitulado “Vamos Aprender a Ler”. Por fim, Serafhim foi aceito novamente pela igreja e nomeado Vigário de Rosário do Sul, quando foi embora de Santo Ângelo.

Uma viagem de Maria Fumaça
A paixão de Oscar sempre foram as letras. Ele chegou a trabalhar como redator do Jornal Falado da Rádio Santo Ângelo. Redigia as noticias que eram lidas por Ricardo Leônidas Ribas, locutor do jornal naquele tempo, foi neste período que a dupla resolveu cursar direito e a carreira de Oscar Pinto Jung tomaria o rumo da advocacia. Eles chegaram a viajar de Maria fumaça até a faculdade de Passo Fundo. “Era uma viagem maravilhosa saímos daqui às 8h30min chegavamos às 17h em Passo Fundo. Naquele tempo era uma festa”, relembra.
Contudo, jamais se esqueceu das histórias e momentos vividos no jornalismo santo-angelense, algo que hoje conta em depoimentos e em rodas de conversas com amigos. Além disso, atualmente Jung mantem viva essa relação, por meio de artigos publicados jornais locais.

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