Muitas pessoas não conseguem traçar uma perspectiva de vida. Outros até conseguem, porém não se enxergam trabalhando muito tempo na mesma função. Para que isto ocorra é necessário amor pelo que se faz, além de muita dedicação. Vemos pessoas que ficam um ano, cinco, dez no máximo, e já sem muita vontade de darem seguimento ao seu oficio. Vivemos a era da globalização, a rapidez na informação, muitas mudanças e as pessoas também mudaram. Tudo tem que ser novo, moderno e ágil. Assim acontece com os trabalhos, as profissões que antes era um sonho para muitos jovens, como, por exemplo, a alfaiataria, os barbeiros, caixeiros viajantes, estão hoje desaparecendo ou não estão recebendo o devido valor.
É o caso dos taxistas, que trabalham muito e nem sempre conseguem o devido reconhecimento pela sua atividade, que envolve muitos riscos inclusive. Entretanto existe aqueles que ainda persistem, que realmente amam o que fazem, são aqueles que não pensam somente em dinheiro, mas no amor pela profissão. É o caso de Hércules Rolim Cezimbra, neto do intendente de Santo Angelo, Joaquim Rolim de Moura, mais conhecido como “Coronel Quinzote”.
Completando neste ano 79 anos de idade, há 62 anos trabalha no oficio de taxista, desde a época em que estes profissionais eram mais conhecidos como “Chofer de taxi”. Por iniciativa própria, e com apoio da família, ele começou ainda rapaz, e viu que aquele era o rumo que gostaria de seguir. Começou com um Mércuri ano 1951, cor azul, quatro portas e “rabo de peixe”, e à medida que o tempo foi passando, foi trocando de carro, totalizando 21 modelos diferentes que adquiriu. “Já tive todo o tipo de modelo de automóvel. Tive seis Decave, três Gol, dois Corcel, um Fusca, dois Voyage, um Doodge Darth, um Santana, um Escort, um Sinca, um Mércuri e um Tor, todos sempre mantidos em ótimo estado de conservações. Meu primeiro ponto de taxi foi na Rua 1º de Maio, depois vem para a Avenida Brasil”, conta Hércules Rolim Cezimbra.
Mesmo trabalhando há tanto tempo, não cogita a idéia de parar com sua atividade. Atualmente está trabalhando apenas de dia, das 8h às 18h. Porém durante quatro anos trabalhou direto durante o dia e a noite, mesmo durante a madrugada. Também já teve uma frota constituída de quatro carros. Já foi assaltado durante uma corrida que realizou no bairro Unirio Carrera Machado (Indubras), onde foi ameaçado inclusive com uma arma de fogo. Mas isso não diminuiu seu amor pela profissão, e nas palavras deste guerreiro do oficio de taxista, é uma realização conduzir passageiros, fazer amigos, e poder trabalhar dignamente no que se gosta.
-“Não tenho tudo que gosto, mas gosto de tudo que tenho. Tenho esposa, filhas e netos. Amo minha família e minha profissão, faço de todas elas a razão da minha existência. E quando eu for chamado para o outro lado, vou feliz, com a certeza de que vivi uma vida bem vivida”, finaliza.