A Associação dos Orquidófilos de Santo Ângelo (AOSA) promove a 7ª Exposição Regional de Orquídeas. O evento será realizado no Centro Municipal de Cultura nos dias 21 e 22 de março. A abertura oficial será realizada no sábado, dia 21, às 10h, dia em que já iniciam os julgamentos das plantas.
Integra a programação da exposição no dia 21, às 15h a palestra com o tema: “Cultivo de Orquídeas” ministrada por Vandir Hoffmann. No dia 22, com início as 14h ocorrerá a reunião do Pólo Noroeste de Orquidófilos.
De hobby a dedicação exclusiva
Enio Barlett comprou uma orquídea da espécie Laelia Purpurata Striata há 40 anos. A planta ainda é saudável e, desde lá, não parou mais de colecionar orquídeas. Hoje tem 27 mil mudas e 1200 espécies em seu orquidário. No início da coleção era um hobby, agora que encerrou a carreira de Servidor Público no Banrisul e como Advogado, se dedica integralmente a atividade de cultivar e comercializar orquídeas.
Seus clientes são, em grande maioria, de outras cidades e inclusive de fora do estado. As espécies comercializadas e cultivadas são de diversas partes do Brasil e de outros países como Inglaterra, Estados Unidos, Argentina, México, Japão, entre outros. Enio Barlett está sempre procurando novidades e prepara para este ano expor durante a 17ª edição da Fenamilho as micro orquídeas.
Conta Enio! Porque as orquídeas fascinam tantas pessoas?
“Do mesmo modo que os filhos de uma única mulher apresentam personalidades diferentes as flores das orquídeas também ganham peculiaridades. São plantas perenes, podem durar muito tempo, cores e aromas exuberantes que se manifestam em dia e hora determinado para atrair os polinizadores necessários a reprodução das espécies. Os principais deles são os beija-flores, mangangavas e abelhas”, contou Enio Barlett. Além disso, ele fala que o sistema reprodutivo das orquídeas é semelhante o das mulheres, explica que cada muda pode apresentar diferenças na coloração e até no formato das flores, dependendo da polinização e das condições climáticas.
Enio Barlett é membro da Federação Gaúcha de Orquidófilos e, ao lado de Darvim Thomas, foi um dos fundadores da AOSA – Associação dos Orquidófilos de Santo Ângelo. Hoje está licenciado da AOSA para que seus interesses comerciais não conflitem com os interesses da associação.
As suas mudas são destinadas ao comércio, ele só não vende uma coleção pessoal de Cattleyas Intermédias Pétalas Largas e as plantas destinadas a reprodução, chamadas de matrizes que ele utiliza para realizar polinizações e cruzamentos. Técnicas necessárias para a reprodução e confecção de novas mudas. Cada planta floresce no mínimo uma vez por ano, no entanto podem florir até três vezes, dependendo do cruzamento realizado com outras espécies.
Companhia inseparável no seio da família
A relação de Iara fortes com as orquídeas tem bases na infância, o cultivo busca remontar o colorido e o aroma que envolvia o quintal de sua avó Selma Frantz. A lembrança lúcida de uma Brassavola Perrinii que aos finais de tarde exalava peculiar perfume em meio ao cenário verde do local onde sua avó cultivava com carinho flores e plantas, como manda a tradição alemã, a qual sua família pertence.
Seu orquidário possui plantas suficientes para manter a casa florida em todas as estações do ano. Iara tem um espaço reservado para as orquídeas, por coincidência ou não é próximo da janela de seu quarto. Ao acordar o primeiro contato é com elas, os novos brotos e flores são acompanhados com dedicação. Quando finalmente floresce a planta é levada para o interior de sua casa, onde as cores e aromas das flores podem ser compartilhados com a família e amigos que adentram no recinto.
Além do espaço reservado, uma jabuticabeira e uma pitangueira servem de abrigo para suas orquídeas. Iara recomenda que se tenha o conhecimento mínimo de cada espécie de orquídea que se pretenda cultivar, caso contrário pode haver frustrações, elas podem não florescer ou acabarem morrendo. Espécies naturais da região são opções interessantes para quem está iniciando no cultivo de orquídeas. Iara faz parte da AOSA – Associação de Orquidófilos de Santo Ângelo, nas reuniões podem compartilhar informações trocar mudas e conhecer novas espécies.
De apreciador a organizador de exposições
O encontro de Darvin Fernando Thomas com as orquídeas foi no ano de 1974, em uma exposição na capital gaúcha, Porto Alegre. As plantas lhe chamaram a atenção e comprou 6 exemplares. “Me encantei com a beleza e o perfume das flores”. Além de cultivar as plantas tem uma estreita relação com o estudo botânico delas, investiu na bibliografia e nunca mais parou de ler a respeito. A cerca de 15 anos, organizou a primeira exposição na cidade de Santo Ângelo e ao lado de Enio Barlett formou a AOSA – Associação dos Orquidófilos de Santo Ângelo, até hoje colabora com o grupo e sede o espaço de sua casa para as reuniões semanais.
Thomas até vende alguns exemplares de sua coleção, mas o comercio nunca foi seu foco. Ele percebe que o cultivo de orquídeas é um hobby saudável, onde o contato com a natureza proporciona o encontro com Deus. “Uma atividade desestressante até mesmo uma forma de ajudar a superar doenças como a depressão”. Além disso, ele enfatiza que o intercâmbio com as pessoas que cultivam orquídeas é outro fator que incentiva esta prática.
Thomas tem 20 mil mudas e mais de 1000 espécies diferentes, todas catalogadas e etiquetadas. Quem adentra em seu orquidário vai perceber que há próximo de 100 plantas com flores. Ele acredita que o trabalho realizado pelos orquidófilos também tem a função de manter as espécies originariamente encontradas na natureza, que são em torno de 35 mil espécies. Ele conta que os produtores de mudas de orquídeas realizam constantes cruzamentos em busca de híbridos mais resistentes e comercialmente atraentes, deste modo, se difundem formatos diferentes. Há registros de 150 mil híbridos registrados, não menos belos, mas mais distantes do tronco original.