Imigrante ou brasileiro? Alemão ou colono?

Conheça histórias da colonização do distrito de Buriti e a relação do passado com a atual Festa do Colono e Motorista que ocorre neste domingo, dia 23. A...

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Marta Weissmantel fala sobre a história do povoamento da “Colônia Buriti”
Marta Weissmantel fala sobre a história do povoamento da “Colônia Buriti”

Buriti colono e motorista comunidade evangélica (14)Buriti colono e motorista comunidade evangélica (12)

Jessica Estela Bender, Fabrícia Schiefelbein e Amanda Telocken ao lado da Professora Marta Weissmantel autora do livro Buriti: Dos Primórdios até 1950
Jessica Estela Bender, Fabrícia Schiefelbein e Amanda Telocken ao lado da Professora Marta Weissmantel autora do livro Buriti: Dos Primórdios até 1950
Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Buriti
Igreja da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Buriti

Antes da Segunda Guerra Mundial, a Festa do Colono e Motorista que ocorre amanhã, dia 23, no Distrito de Buriti, tinha outro nome: “Festa do Imigrante”. Foi no dia 24 de julho de 1824 que os primeiros imigrantes alemães chegaram ao Rio Grande do Sul, portanto, motivo de festa e alegria para os descendentes alemães que moravam em Buriti. São Cristóvão é considerado pelos católicos o protetor dos motoristas e no dia 25 de julho a classe em todo o brasil celebra o seu dia, por isso a comunidade agregou mais um motivo de comemoração na tradicional festa da comunidade.
Mas o que tem haver a Segunda Guerra com o nome da festa? Pois bem, depois que a Tríplice Aliança (Alemanha, Japão e Itália) foi derrotada pela Tríplice Entente (Rússia, Inglaterra, França e Estados Unidos) os alemães que estavam repatriados no Brasil sofreram perseguições políticas e discriminação social, inclusive na chamada “Colônia Buriti”. A Festa do Imigrante passou a ser chamada de Festa do Colono, uma tentativa de minimizar o estereótipo que se criava em torno daquela festa que era liderada pelos imigrantes alemães, maioria na colônia.
A professora Marta Weissmantel é uma estudiosa do assunto e fez um levantamento histórico da colonização desta região. O resultado da pesquisa foi documentada em um livro lançado no Centenário de Buriti no ano de 2010. Ela conta que Buriti foi fundada em 1910, quando pessoas vindas das chamadas “Colônias Velhas”: Santa Cruz, Candelária, Rio Pardo, Cachoeirinha, São Sebastião do Caí e Também de Ijuí, compraram lotes de terras de um Engenheiro Agrimensor chamado Frode Johansen, que fez um mapeamento de Buriti e dividiu em 234 frações de terras de aproximadamente 25h.
Com base neste mapa é possível inclusive conhecer a origem dos nomes das localidades do interior do Distrito de Buriti: Linha do Meio, Linha Buriti, Atafona, Olhos D’água e Ressaca. A festa de domingo é na linha do meio, onde se localizavam os imigrantes de confissão luterana. Isso explica mais uma particularidade da festa naquele local.
Quem for à festa amanhã, vai provar as “poderosas cucas recheadas com requeijão, melancia e chocolate”. Quem afirma é Márcia Telocken que mora na comunidade e está trabalhando na organização da festa, ela “bota fé” na receita das cucas que fazem parte da cultura gastronômica daquela comunidade, a grande maioria de origem Alemã, com tradição na confecção de doces. Embora os colonos de Buriti, desde o início do povoamento, se intitulassem brasileiros, eram em grande maioria, descendentes de alemães, inclusive eram alfabetizados na língua pátria.
Marta Weissmantel conta que nas festas mais antigas no período da tarde havia a tradição de servir doces como bolachas, cucas, rocamboles, bolos e tortas. Tudo acompanhado de café com leite. Outra curiosidade é que Buriti, na década de 30, tinha uma cervejaria e três bandas de música: a Banda do Zappe, Banda Wachter e Banda Sachs.

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1 comentário

  1. Rodrigo de Sousa Responder

    Muito interessante a história. Eu gostaria de saber o link para comprar o livro da Marta Weissmantel Buriti: dos primórdios até 1950.