Imagem registra 84 milhões de estrelas na Via-Láctea

Um mosaico de imagens do centro da Via-Láctea, tiradas com um telescópio no Chile, registrou a presença de cerca de 84 milhões de estrelas, na maior observação desse...

771 0

Um mosaico de imagens do centro da Via-Láctea, tiradas com um telescópio no Chile, registrou a presença de cerca de 84 milhões de estrelas, na maior observação desse tipo já feita pela astronomia. O trabalho, de um grupo internacional de cientistas, que contou com quatro brasileiros, resultou em uma “foto” gigantesca de 9 gigapixels — se fosse impressa, na resolução típica de publicação em livro, teria 9 metros por 7 metros.

 

É a primeira vez que se consegue observar tantas estrelas. Antes desse trabalho, o maior registro era do ano 2000, com 9 milhões de estrelas da Grande Nuvem de Magalhães, conta o pesquisador Bruno Dias, da Universidade de São Paulo, colaborador do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) e um dos autores do trabalho.

 

Usando o telescópio Vista, do observatório Paranal do ESO, que faz a exploração em infravermelho, foi possível penetrar a nuvem de poeira presente na Via-Láctea para fazer as imagens.

 

A área coberta, equivalente a menos de 1% de todo o céu, foi observada diversas vezes com três filtros de cores de infravermelho para melhorar a visualização. Foi desse catálogo de centenas de imagens que se obteve o mosaico divulgado na quarta-feira.

 

Num primeiro momento, explica o também brasileiro Roberto Saito, da PUC do Chile, foram observados 173 milhões de objetos, dos quais 84 milhões foram confirmados como estrelas e selecionados por apresentarem as informações mais perfeitas, com o que os pesquisadores chamam de melhor fotometria.

 

— Nem fracas nem brilhantes demais nem coladas umas nas outras — explica Saito, o principal autor do trabalho, publicado na revista científica Astronomy & Astrophysics.

 

A porção central e mais interna, conhecida como bojo galáctico, é a mais densa da Via-Láctea e contém quase um terço de todas as suas estrelas. O trabalho, que começou em 2010 e segue até 2014, além de chamar atenção pelo tamanho, destaca-se por dar as primeiras noções da estrutura da galáxia.

 

Diagramas de cor e magnitude que foram obtidos fornecem informações sobre as propriedades físicas dos astros, como temperatura, massa e idade, e dicas de onde podem ser encontrados planetas parecidos com a Terra. O objetivo é, ao final do projeto, ter um mapa em três dimensões dela.

 

— Hoje conhecemos centenas de milhões de galáxias em todo o universo, mas não sabemos como é a nossa porque estamos dentro dela e olhá-la é mais difícil. Todos os dados desse trabalho serão públicos. Com base nele, diferentes pesquisadores poderão fazer outros trabalhos que vão ajudar a conhecer a estrutura galáctica — afirma Saito.

 

Segundo ele, o objetivo é tentar entender como ela surgiu e evoluiu. Diversas pesquisas já propuseram teorias para essas questões, mas, como lembra o pesquisador, sem saber direito como é a Via-Láctea hoje, fica difícil comprová-las ou não. Essas imagens devem ajudar nesse sentido.

 

— Entender o passado da galáxia depende de como ela é hoje — diz.

 

As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

 

AGÊNCIA ESTADO

Neste artigo

Participe da conversa