Sepé poderá ser considerado santo da Igreja Católica

A história de vida de Sepé Tiaraju, bem como a liderança espiritual que exercia nas Missões Jesuíticas, ganha mais um reconhecimento. A Congregação das Causas dos Santos, sediada...

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Memorial_da_Epopeia_Riograndense_80a - Murais de Danúbio Gonçalves (Copy) (Copy)Segundo a fé católica Sepé Tiaraju já pode ser, aqui invocado como “Servo de Deus”, primeiro passo no processo que leva à “beatificação” e depois à “canonização”. O pedido de abertura de um processo de canonização foi entregue em Roma por Dom Gílio Felício, Bispo de Bagé, (RS) em fevereiro de 2017.
Segundo Frei Luiz Carlos Susin, o povo já guarda a memória de Sepé e o chama de “santo”. Falta a Igreja Católica reconhecer oficialmente. Neste primeiro documento acolhido no Vaticano, Dom Gílio colheu assinaturas de mais de uma centena de autoridades políticas, de padres, de intelectuais das diversas áreas e recebeu o “Nihil Obstat” do Vaticano, ou seja, via livre e sem objeções para começar o processo de reconhecimento oficial da santidade de nosso índio “protogaúcho”.

Reconhecimento governamental
Sepé Tiaraju já é reconhecido oficialmente como “herói guarani missioneiro-riograndense” pela Lei no 12.366 do Estado do Rio Grande do Sul e Herói da Pátria Brasileira pela Lei Federal 12.032/09. Pelo seu peculiar modo de vida, se tornou um personagem lendário no Rio Grande do Sul e dos povos nativos da América Latina.

Registros literários
Sua memória ficou registrada na literatura por Basílio da Gama no poema ‘O Uruguai’ (1769), por Érico Veríssimo no romance ‘O Tempo e o Vento’. Faz parte da literatura de quadrinhos pelos traços de Clayton Cardoso, em 12 anos de trabalho este santo-angelense aperfeiçoou seus desenhos e aprofundou pesquisas lançando em 2016 a HQ – “Sepé Tiaraju: A saga de um herói”.
A vida e obra de Sepé também são reconhecidas pelos espíritas. No ano de 2018 foi lançada uma obra atribuída a escrita mediúnica denominada “Sepé, o guerreiro da paz”. Este livro traduz uma visão pacificadora de Sepé Tiaraju e conta fatos do tempo das reduções e também de sua (atual) representação espiritual de “Guardião das Terras do Sul”.
A experiência em território latino-americano, entre 1609 e 1768, foi reconhecida pela UNESCO como “experiência única na humanidade”. O iluminista francês Voltaire afirma que foi uma das mais bem sucedidas experiências de vida comunitária cristã de todos os tempos, o que ele denomina “Triunfo da Humanidade”.
A visão espírita da vida e obra de Sepé também colabora com a constatação de Voltaire. Para os espíritas a obra deste líder indígena tem uma relevância que foge ao censo comum e o entendimento das pessoas que hoje vivem nesta região. Sendo o protagonismo de Sepé, ao lodo dos padres Missionários, uma genuína experiência cristã na terra. (modo de vida e organização social mais semelhante ao modelo de cristianismo preconizado por Jesus e seus discípulos)
Pesquisa
O jesuíta suíço, Padre Lugon pesquisou durante mais de 40 anos as Missões e afirma. “– A sociedade ideal que os filósofos procuram em todo o mundo não está na Ásia nem na Europa. Ela existiu durante 150 anos, no meio da selva, em torno dos rios Paraná e Uruguai. E apesar de arrasada ainda serve de modelo para a sociedade do futuro. Desde Cristo, não houve no mundo nenhuma outra sociedade tão fiel aos preceitos cristãos de fraternidade. O Evangelho pregado aos homens encontrou na República Guarani uma forma prática de cunho coletivista.”As ideias de Lugon estão descritas em sua obra: “A Republica Comunista Cristã dos Guaranis”. Ele jamais aceitou a falência dos ideais de liberdade e igualdade.

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